Desde 2020, as empresas Sumitomo Corporation of Americas, Bayer, JBS, AMAGGI, Rumo e Sinai Technologies colaboram através de uma plataforma da Sinai em uma prova de conceito (POC) para conectar dados primários de emissões envolvendo operações de processamento de sementes, plantio, colheita, produção de rações, logística e, finalmente, distribuição desde o Brasil para mercados globais. O objetivo inicial era compartilhar dados primários relevantes em uma cadeia de suprimentos.
“Permitir que os dados primários de emissões fluam em uma cadeia de suprimentos é importante porque só assim construímos uma base sólida para fundamentar investimentos e outras decisões de negócios. O CarbonPrime quer acelerar a alocação de capital em infraestrutura sustentável, e a transparência e a confiabilidade dos dados são nossos pilares”, explicou Mark Lyra, diretor da Sumitomo Corporation of Americas, que propôs o conceito da iniciativa CarbonPrime.
Até o momento, as empresas contavam com dados secundários para estimar as emissões em suas cadeias de suprimentos. Embora essas estimativas tenham sido fundamentais para ajudar os negócios a entenderem as emissões e produzir relatórios corporativos, os dados secundários não são adequados para informar as decisões de investimento, segundo a avaliação do grupo de empresas.
“Investir em oportunidades de redução de emissões é como qualquer outro investimento. Se estou comprando ações de uma empresa, quero saber o desempenho dessa empresa específica. Preciso entender os dados primários dessa empresa. Dados secundários, como desempenho do setor e histórico da indústria, são relevantes, mas estão longe de serem adequados para justificar o investimento em uma ação específica”, explicou Alasdair Were, da Associação Internacional de Comércio de Emissões (IETA).
De acordo com as empresas, a próxima fase da POC contempla a ampliação do escopo dos dados primários para áreas como produção de sementes, produção de fertilizantes, pequenos e médios agricultores, produtos de couro, entre outros. Paralelamente, o grupo disponibilizará os resultados para auditoria e publicará um “white paper” com a estrutura de alocação desenvolvida.
“Iniciamos discussões com algumas das empresas ‘big four’ de contabilidade e pretendemos ter os resultados auditados este ano”, explicou Lyra. “O processo de auditoria deve ser relativamente simples pois um dos princípios-chave desse esforço era não reinventar a roda. A equipe seguiu a estrutura do WBCSD Pathfinder e os padrões do setor, como fatores de emissão e princípios de alocação do GHG Protocol. A principal inovação foi permitir que especialistas do setor acessassem dados primários e desenvolvessem uma estrutura específica para a aplicação desses padrões. Essa estrutura será disponibilizada ao público e provavelmente evoluirá com o tempo.”
Lançando as bases para um novo ativo de carbono
Além de ajudar a identificar oportunidades de descarbonização nas cadeias de suprimentos, o grupo também acredita que o compartilhamento de dados primários relevantes pode permitir o agrupamento de recursos e a monetização de novos Ativos de Carbono. “Agora que temos uma linha de base, também podemos começar a compartilhar dados primários sobre oportunidades de mitigação em toda a cadeia de suprimentos”, explicou Lyra. “Isso pode mudar o jogo para o uso de créditos de carbono, investimento em infraestrutura e desenvolvimento de ativos digitais de carbono.”
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