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Contrail aposta em modelo ferroviário para Santos

Empresa opera um hub intermodal no porto e quer aumentar volume de carga conteinerizada nos trens
Por Redacción el 27 de julio de 2015 a las 9h47 (atualizado às 9h47)

Especializada em logística ferroviária, a Contrail Logística surgiu no mercado apostando no aumento da procura dos embarcadores por opções de acesso ao Porto de Santos (SP) que fujam dos gargalos rodoviários. Ela acredita também no aumento da carga ferroviária conteinerizada no porto paulista, que hoje representa apenas 2% do total movimentado. A empresa foi criada em novembro de 2010 por meio de uma parceria entre a consultoria de transportes e logística EDLP – Estação da Luz Participações – e a MRS Logística, tendo como sócio o fundo de infraestrutura BTG Pactual.

Contrail aposta em modelo ferroviário para Santos
“Hoje, o volume de carga que chega a Santos em contêineres por ferrovia é desprezível, e nosso objetivo é justamente fomentar o volume de contêineres na ferrovia, além de otimizar o fluxo reduzindo as viagens dos contêineres vazios e, de quebra, aumentar a utilização do trem para cargas de alto valor agregado”, conta Maurício Quintella, presidente da Contrail.

O modelo adotado pela operadora se baseia num tripé formado pelos centros ferroviários de consolidação de cargas (CFCCs) – terminais intermodais localizados no interior que funcionam como consolidadores de cargas; pelos vagões Double Stack, que levam dois contêineres empilhados e otimizam a eficiência dos trens em até 150%; e pelo Terminal Intermodal do Porto de Santos (Tips), que começou a operar no final do ano passado.

O plano da Contrail prevê a implantação de sete CFCCs na capital e no interior do estado de São Paulo, onde serão realizados serviços de recebimento, armazenagem, estufagem e desova de contêineres, desembaraço aduaneiro e embarque nos vagões. Os terminais funcionarão ainda como depots de contêineres vazios.

Já o Tips está localizado na entrada do porto, equidistante dos terminais das duas margens, e funciona como um pulmão para o sistema ferroviário, sendo estratégico para a formação dos trens e triagem dos contêineres que posteriormente são embarcados para os terminais portuários de Santos. O Tips tem 300 mil m² e é dotado de duas linhas de 800 metros para carga e descarga dos trens, o que permite uma operação rápida, sem a necessidade de manobrar a composição, otimizando a utilização dos vagões e locomotivas. “O Tips é fundamental para sustentar nosso crescimento e atendermos o volume esperado de contêineres por ferrovia no Porto de Santos”, diz Quintella, informando que a capacidade do terminal é de até 1,2 milhão de TEUs.

No modelo adotado pela Contrail, ela oferece a solução logística porto a porta ao cliente, faz a gestão de todos os elos da cadeia intermodal, que consiste na entrega e na distribuição no interior e no porto, as movimentações necessárias e o transporte ferroviário.

Quintella afirma que a crise atual, que trouxe redução de volumes movimentados em Santos, faz com que os gargalos de acesso ao porto fiquem temporariamente esquecidos, mas acredita que as grandes empresas estão preocupadas em ter uma opção quando a economia retomar, por isso aposta na ferrovia. “O Sistema Anchieta-Imigrantes está esgotado e uma nova opção rodoviária para transpor a Serra do Mar não parece viável no médio prazo. O trem é a opção mais lógica, uma vez que já está disponível e é mais competitivo e sustentável”, garante.

Além disso, outra preocupação dos clientes, que é a pontualidade das entregas devido à limitação de passagem da MRS pelas linhas de trens urbanos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), em São Paulo, também não se justifica. “Eu sempre digo que, justamente pelo fato de ter de respeitar a janela de passagem, a MRS é muito pontual, pois, se não cumprir o horário, perde a janela e tem prejuízos enormes. Hoje, a operação para Santos funciona muito bem”.

Já o diretor Operacional da Contrail, Rodrigo Paixão, lembra que, ao considerar apenas a distância entre a origem das cargas e o porto, a opção ferroviária não se justificaria. Porém, dado o contexto de acesso ao porto e a serra a ser transposta, a equação fecha. “Fizemos um estudo que indica que 76% de nossas cargas estão a, no máximo, 200 km entre a origem e o porto, o que tornaria o caminhão imbatível. Só que não se pode levar em conta apenas um fator. No custo total da operação, a ferrovia se justifica”, afirma, colocando que não se trata apenas de comparar o frete ferroviário com o rodoviário. “Pelas condições que os caminhoneiros estão oferecendo hoje, é muito difícil competir em custo. Mas os clientes estão olhando além do frete e buscando confiabilidade, rastreabilidade em tempo real, segurança e nível de serviço, que é o que a Contrail oferece”.

Serviços

Hoje, o principal serviço oferecido pela Contrail é a ligação intermodal da região de Campinas e São José dos Campos para Santos, que já se encontra em operação e com sucesso. Na região, a companhia opera em um terminal da Rumo Logística em Sumaré e está desenvolvendo um novo ativo junto à MRS em Jundiaí.

O serviço tem tido demanda. Há três meses, por exemplo, a Contrail assumiu 100% das operações dos eletrônicos da LG que chegam de Manaus a Santos por cabotagem. “Somos responsáveis pela carga desde sua retirada no porto até a entrega no centro de distribuição da LG em Cajamar, na Grande São Paulo. É uma operação emblemática, porque conseguimos trazer para a ferrovia uma carga que é de altíssimo valor agregado e com um volume importante. Com isso, estamos criando um produto novo para este tipo de mercado, que era refratário ao uso do trem e que tem um cuidado muito grande com sua carga”, diz Quintella. Segundo ele, a operação não causa conflito com os armadores, que são parceiros no desenvolvimento do trem. “Eles estão nos ajudando também a otimizar o uso dos contêineres”.

Dentro do conceito de reaproveitamento de contêineres vazios, a Contrail criou uma operação para commodities agrícolas em Uberaba (MG). A empresa arrendou um terminal dotado de um silo onde recebe os grãos, armazena, estufa nos contêineres e leva para Santos, fazendo ainda a análise de qualidade e o controle do fluxo para os clientes. “Foi uma oportunidade que aproveitamos, e acabamos criando um produto novo para o agronegócio. Por enquanto, o transporte é 100% rodoviário, mas temos planos de levar este serviço para o trem também”, afirma Quintella. Além dos grãos, a empresa começou a operar com o açúcar, a partir de Campinas, que já desce estufado em contêineres para o porto.

Para Quintella, o grande benefício do modelo da Contrail é a possibilidade de consolidação da carga tanto no interio quanto próximo ao porto “Praticamente a metade dos contêineres que sobem ou descem para Santos está vazia, porque utilizam a rodovia. A pulverização do mercado rodoviário impede a formação de hubs, o que nós conseguimos. O transbordo da ferrovia acaba agregando valor, pois reaproveitamos os contêineres vazios. O terminal é um ponto fundamental neste sistema logístico e é nisso que estamos apostando”, finaliza.

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