A Companhia Docas do estado de São Paulo (Codesp) lançou, na última sexta-feira, dia 2 de fevereiro, o projeto Hidrovia da Baixada Santista Modal Logístico que tem como meta criar opções de acesso ao complexo portuário. Segundo o presidente da Codesp, José Alex Oliva, Santos é o primeiro porto da América Latina a aplicar o modal hidroviário em operações portuárias.
Com um potencial de cerca de 200 km de vias navegáveis situadas no entorno do porto, num total de oito terminas, a implantação da hidrovia estimulará a criação de terminais multimodais na região, impulsionando o surgimento de uma plataforma logística ao longo da malha hidroviária. A ideia é de que o projeto promova o tráfego de cargas com mais eficiência e segurança e com menores impactos ambientais, reduzindo assim os custos logísticos e descongestionando os demais acessos. “Temos limitações físicas, por isso a importância desse projeto”, disse Oliva.
Já há planos para iniciar as operações. Ao todo, nessa primeira fase, que o presidente calcula que em dois anos esteja consolidada, serão 17 km de vias navegáveis a partir de um terminal localizado em Cubatão com destino ao porto. As cargas terão como origem os modais rodoviário e ferroviário. Na plataforma logística, que deverá ser concebida pela iniciativa privada, elas serão transbordadas para que barcaças realizem as movimentações. “Esse trecho está balizado, sinalizado, com planta náutica já homologada pela Marinha e pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Essa via já pode começar a operar”, afirma o presidente.
O estudo prevê a aplicação de barcaças com capacidades variando entre 300 e 400 contêineres, dispostos em três níveis, e calado de 3,5 metros a 4 m. “Não temos a necessidade de realizar dragagem nessas vias”, garante Oliva. Ainda segundo o presidente da Codesp, na fase inicial a movimentação pelos 17 km da hidrovia irá retirar por dia cerca de 350 caminhões que circulam pelas cidades da região e pelo complexo portuário. A hidrovia fomentará, também, as operações na retroárea do porto.
Ele divulga, sem revelar os nomes, que duas companhias já demonstraram interesse em iniciar as operações no terminal de Cubatão. “Essa plataforma está pronta, pois já houve movimentações nesse local. É preciso apenas um investimento baixo para revitalizá-lo”, salienta. De acordo com o presidente, a expectativa é de que em 40 dias seja definida a companhia que irá operar no terminal.
A criação do projeto Hidrovia da Baixada é uma das principais ações da atual gestão, deflagrada com a nomeação, em abril do ano passado, de um grupo de trabalho para sua elaboração. A iniciativa surgiu com o objetivo de envolver integrantes de outros órgãos para elaborar os estudos. O grupo de trabalho reuniu representantes da Codesp, da Administração da Hidrovia do Paraná (Ahrana), da Antaq e da Capitania dos Portos do estado de São Paulo.
A partir daí, foram realizados o plano do projeto, o levantamento batimétrico ao longo da bacia hidrográfica, o reconhecimento da rota principal, o enquadramento normativo, a regulamentação operacional, o balizamento, a sinalização e a homologação do canal hidroviário. Também foram definidas a estrutura da tarifa e o regramento operacional que prevê normas para cadastro de transportador hidroviário, para tráfego e navegação, atracação e utilização de sistemas. O projeto contempla, ainda, a integração com oVTMIS (sigla em inglês para Sistema de Monitoramento e Informação do Tráfego de Navios), com a Supervia Eletrônica de Dados e com o sistema Porto Sem Papel.
Obras
A Codesp aproveitou o evento de lançamento do projeto da hidrovia para entregar a recuperação e o reforço estrutural do cais localizado entre os armazéns 12-A e 23, numa extensão de 1.700 m. A conclusão da obra vai permitir o aprofundamento dos berços de atracação nesse trecho, adequando para a profundidade do canal de navegação, que foi dragado para 15 m.
A obra, que fica no bairro Paquetá, foi iniciada em 2014 e demandou R$ 250 milhões em investimentos do Governo Federal. Os trabalhos realizados foram o reforço nas estruturas, com a injeção de concreto na base do cais e perfis metálicos, além da recuperação de estacas e lajes eventualmente avariadas. Com a conclusão dos serviços, os berços de atracação poderão ser dragados, permitindo a chegada de navios maiores, com ganho de escala e produtividade para os terminais que se situam nesse trecho. Serão beneficiados movimentadores de carga geral, produtos químicos, grãos e também exportadores de açúcar.
O projeto executivo foi cedido à Codesp pelos principais terminais instalados no trecho – Terminal 12-A, Rodrimar, Rumo Logística, Cosan, Copersucar e Pérola.