Dividido em duas partes, o livro conta com quatro capítulos que abordam desde a implantação das malhas ferroviárias nas regiões açucareiras e cafeeiras até a execução das obras de construção das ferrovias mesmo diante da escassez da mão de obra decorrente da extinção do tráfico internacional de escravos, em 1850. O livro mostra evidências do emprego de escravos, desafiando a legislação vigente na época, assim como a utilização de trabalhadores estrangeiros contratados sob condições e legislações repressivas.
“Tanto nas fazendas de café quanto nas obras de construção de ferrovias, a natureza sazonal de curto prazo do emprego favorecia a mobilidade geográfica dos trabalhadores e os arranjos temporários”, explica a autora. “A incapacidade da agricultura de gerar emprego durante todo o ano produzia um padrão de instabilidade e de irregularidade no emprego que muitos identificavam como ociosidade, justificando então o uso do trabalho escravo, do imigrante e de legislações repressivas”, completa Maria Lúcia.
Fruto da tese de livre-docência da pesquisadora, defendida em 2008, e baseado em diversas fontes documentais, o livro teve início com pesquisas realizadas na London School of Economics and Political Science (LSE), da University of London, na Inglaterra, onde a autora atuou como professora visitante de julho de 1998 a março de 1999 e reuniu material documental em acervos ingleses.
Ferrovias e Mercado de Trabalho no Brasil no Século XIX
Maria Lúcia Lamounier
288 páginas
R$ 40,00
Editora da Universidade de São Paulo