Proposta está disponível para consulta no site da confederação e será entregue ao governo e universidades
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) lançou ontem, em Brasília, o Plano de Logística para o Brasil (PLB), resultado de estudos técnicos da entidade. O PLB, conforme explica o presidente da CNT, Clésio Andrade, “consiste em um conjunto de projetos de construções, adequações e recuperações da infra-estrutura de transporte no Brasil”.
O plano reúne projetos em nove eixos estruturantes (Nordeste-Sul, Litorâneo, Norte-Sul, Amazônico, Centro-Norte, Norte-Sudeste, Leste-Oeste, Nordeste-Sudeste e Cabotagem) e ligações complementares (Projetos Metroviários e o Trem de Alta Velocidade) e propõe uma rede viária ideal para aumentar a integração dos sistemas de transporte do país por meio das conexões entre as diferentes modalidades, a fim de permitir um maior desempenho e menores custos na movimentação de cargas e passageiros.
A estruturação do plano teve início no final de janeiro de 2007: “O caminho de identificação dos projetos foi primeiramente saber quais eram prioritários para o setor de transporte, com um levantamento das demandas do setor fornecidas por entidades afiliadas à confederação, como associações e federações, e também por meio de estudos relacionados à infra-estrutura que já tinham sido elaborados”, explica Bruno Batista, diretor-executivo da CNT.
Ao todo, são 496 projetos que contemplam todas as modalidades de transportes. Entre outras propostas, o PLB indica a construção de dez mil quilômetros de ferrovias, 54 terminais intermodais, dois aeroportos e 350 km de linhas de metrô, além da duplicação de 14 mil km de rodovias. “Foi feita a identificação dos projetos prioritários também para outras entidades, como o Conab (produção agrícola), a CNI (necessidades das indústrias) e o DNPM (demanda de produção de minérios no Brasil), que forneceram subsídios para a elaboração do documento, mas sem participação na elaboração do texto final”, alerta Batista. Estas intervenções em infra-estrutura contemplam praticamente todos os modais, com exceção do dutoviário, por ser um modo de transporte incipiente no Brasil, segundo o diretor.
A proposta dos transportadores para o setor de infra-estrutura será encaminhada ao governo federal, aos governadores, ao Congresso Nacional, ao meio acadêmico e estará disponível também à sociedade, no site da confederação.
Diferenças em relação aos planos governamentais
Em um Brasil repleto de planos voltados ao segmento de transportes e infra-estrutura logística, no qual as siglas se multiplicam e chegam a confundir a identificação de qual projeto pertence a qual plano, por que criar uma nova proposta? Para Batista, “o grande diferencial do plano da CNT é que ele dá mais vazão às demandas dos transportadores, pois são eles que sofrem as maiores conseqüências e podem identificar, na prática, os locais mais críticos da infra-estrutura de transporte”.
Em relação aos planos governamentais, a proposta da CNT tem um número maior de projetos – a razão, segundo Batista, é o governo necessitar fazer uma “amarração” dos projetos com questões orçamentárias, enquanto a confederação está propondo uma contribuição para o governo em termos de projetos mais interessantes para o setor, “e caberá a eles a execução ou não”.
A forma de classificação, completa o diretor, é distinta nos três planos, então não seria aconselhável realizar comparações utilizando uma variável como a quantidade: “É possível termos um projeto do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) estruturado em três intervenções, e eles o classificam como um projeto, então este número é referencial”. Caso se queira fazer uma comparação mais correta entre as diversas propostas, o valor do investimento em cada um dos planos é uma opção.
“O PAC demanda investimentos de R$ 58,2 bilhões; o PLNT (Plano Nacional de Logística e Transporte) – não definindo o horizonte final de investimento – totalizaria R$ 172 bilhões e o plano da CNT, R$ 223,8 bilhões. Quando se analisa a demanda de investimentos proposta, o PLB é bastante “pé no chão” e factível de ser executado, caso seja feita a comparação com outros países em desenvolvimento, que investem uma quantidade superior à do Brasil”, completa o diretor.
Andrade classifica o plano como “audacioso”: “Com a estrutura apontada pelo estudo, o Brasil estaria em pé de igualdade com os países do Primeiro Mundo”. Além do encaminhamento do documento às entidades, a confederação pretende acompanhar e cobrar as autoridades uma resposta ao que foi proposto. Também está em estudo a realização de seminários regionais para apresentação do plano, além da divulgação local pelas entidades que compõem o CNT das demandas identificadas.
O link de acesso ao plano é: