De acordo com um levantamento realizado pelo FGV Transportes, os investimentos brasileiros na infraestrutura de transporte em 2019 devem consistir em 0,32% do Produto Interno Bruto (PIB). Trata-se do pior resultado dos últimos dez anos, e o valor só se concretizará se todos os investimentos previstos para o ano forem feitos de fato.
A análise do centro de estudos da Fundação Getulio Vargas abrange dados de rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias. Segundo a pesquisa, ao longo dos últimos dez anos o Brasil está tornando sua infraestrutura ainda pior, e somente para recuperar e manter a infraestrutura de transportes atual seriam necessários investimentos de 3% do PIB.
O levantamento também verificou que desde 2014 os investimentos públicos no sistema de infraestrutura desabaram e a iniciativa privada passou a ser o principal investidor. Entretanto, o aporte privado também vem caindo, em função do forte sistema de regulação que desestimula o capital privado em tempos de crise fiscal e econômica. Dos 0,32% do PIB previstos, 0,15% deverão ser recursos públicos, enquanto 0,17% serão de capital privado.
O sistema rodoviário é o que mais recebe recursos, ainda que muito abaixo do necessário. Dessa conjuntura, aponta o estudo, resultam aumentos de custo logístico, danos aos veículos, perdas de carga e gastos na saúde em função de acidentes. Torna-se mais caro exportar, há perda de competitividade interna e externa e os produtos ficam mais caros no ponto de venda ao consumidor.
“O país tem a quarta maior malha rodoviária do mundo, com 1,6 milhão de km, porém apenas 13,7% são pavimentados – 57% das estradas estão em condições ruins ou péssimas. Já a malha ferroviária é a décima maior do mundo, com 30 mil km, mas apenas 10 mil km são explorados, com concentração no escoamento de minérios e derivados. Há 137 portos e terminais, dos quais apenas 45 têm conexão internacional, mas com graves deficiências”, destaca Marcus Quintella, um dos coordenadores do FGV Transportes.
Segundo o levantamento, seria preciso planejar as grandes obras e deixar pronto um projeto executivo para quando houver verba, uma vez que as crises são cíclicas e, portanto, seguidas de períodos de bonança. O FGV Transportes recomenda ainda que, até que os grandes projetos saiam do papel, sejam feitas pequenas intervenções e correções que não demandam altos investimentos, mas podem gerar melhorias que se revertam em receitas e aumento da produtividade.