O mês de maio é o período anual da campanha Maio Amarelo, de conscientização para a redução dos acidentes de trânsito. A campanha comemora 10 anos em 2023, em meio à Década de Ação pela Segurança no Trânsito 2021-2030, lançada pela OMS com a meta de prevenir ao menos 50% das mortes e lesões no trânsito até 2030.
No que tange aos acidentes em rodovias, o Brasil tem tido uma redução no número de acidentes nos últimos anos. De acordo com o Painel CNT de Acidentes Rodoviários, da Confederação Nacional do Transporte, em 2022 o Brasil registrou 64.447 acidentes nas rodovias federais, sendo 52.948 com vítimas (mortos ou feridos).
O total de acidentes foi 65% menor que há 10 anos atrás, em 2012, e vem diminuindo de forma consistente desde então. O custo anual estimado dos acidentes em rodovias federais no Brasil chegou a R$ 12,920 bilhões em 2022.
Já no estado de São Paulo, o número de acidentes caiu na última década, mas voltou a subir no ano passado. 2022 representou uma queda de cerca de 78% nos acidentes em rodovias em relação a 2012, mas o total de 4.383 acidentes, sendo 3.597 com vítimas, superou o ano anterior.
No entanto, apesar da redução gradual no número de acidentes, o Brasil ainda está longe da sua meta de diminuir as mortes pela metade, conforme a agenda global de redução de mortes e lesões no trânsito. Segundo o DATASUS, o trânsito ainda mata mais de 33 mil pessoas por ano no Brasil.
Tecnologia como aliada
Nas rodovias federais, acidentes com caminhões representam 47% do total, segundo o Anuário Estatístico da PRF 2022, tendo um grande impacto no setor logístico. Operadores logísticos no país empregam tecnologias e processos de monitoramento em busca da gestão dos riscos e prevenção de acidentes.
A Cargosoft, operador logístico paranaense, acaba de completar 6 anos sem acidentes graves nas estradas. Para a gerente comercial da empresa, Stela Maris Neia Vieira, a boa notícia é resultado de medidas como a adoção de novas tecnologias e valorização dos motoristas.
A operadora logística usa um serviço de monitoramento e rastreamento de caminhões com telemetria CAN para controle de velocidade. A tecnologia monitora dados como a RPM do motor, a velocidade, freadas e acelerações bruscas e consumo de combustível. Nos caminhões da Cargosoft, foi estabelecido um limite de até 80 km/h ou de acordo com a sinalização da via.
Já a LOTS Group, empresa de logística do grupo Scania, investe em outras tecnologias além da telemetria, como georreferenciamento dinâmico, monitoramento de estradas, gestão de pneus, vídeo monitoramento, dentre outras.
A empresa adotou o checklist virtual, procedimento no qual o motorista verifica diversos pontos do caminhão antes de iniciar o turno, atestando que o veículo está apto para viajar e com a manutenção em dia.
Outro procedimento adotado é o uso de câmeras de monitoramento de fadiga nos veículos. O equipamento capta os movimentos e ações do motorista na cabine, e é integrado a uma inteligência artificial que monitora se o condutor está distraído, desviando o foco da estrada, cansado, com sono, sem uma das mãos no volante, ou até mesmo utilizando o celular.
"Após a implementação da tecnologia, constatamos a diminuição de 100% do uso do celular, que é considerada a terceira maior causa de mortes no trânsito no Brasil, diminuímos em 87% a ocorrência de fadiga, além de reduzirmos em 78% o excesso de velocidade", afirma Fernando Valiate, COO da LOTS Group Latin America. A empresa comemora 5 anos de atuação no Brasil, Chile e Peru sem acidentes graves.
Valorização do motorista
Medidas como as câmeras de monitoramento de fadiga fazem parte de uma série de esforços das empresas para reforçar o cumprimento às regras de trânsito, e isso passa pela educação e conscientização dos motoristas.
Na LOTS Group foi feito um estudo sobre segurança nas estradas com 291 motoristas da empresa. Para 79,7% deles, o uso de cinto de segurança é o principal item de segurança, inclusive, para evitar lesões graves e até a morte em casos de acidentes. Em seguida estão: não fazer ultrapassagens proibidas (71,4%), não dirigir com sono ou cansado (57,2%), não ultrapassar a velocidade permitida (52,1%) e manter em dia a revisão e manutenção do veículo (32,8%).
Mas o respeito às regras de segurança também passa pela valorização do próprio motorista. Na Cargosoft, os condutores recebem capacitação em direção defensiva, e dirigem no máximo 10h por dia, com intervalo interjornada. Jornadas noturnas estão proibidas, e os caminhões só trafegam dentro do horário das 5 às 22h: "Motorista descansado, velocidade controlada, e não trafegar à noite", resume Stela. A empresa também mantém um programa de premiação para os motoristas com melhor desempenho.
Aliando tecnologia à valorização do capital humano, operadoras logísticas têm tido resultados positivos na prevenção de acidentes.
*Com edição de Raphael Minho
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