A concessionária da malha ferroviária sudeste é a primeira do Brasil a aderir a esse tipo de veículo
A MRS Logística acaba de receber mais um lote de locomotivas de corrente alternada produzidas pela GE (General Eletric), no exterior. Essa foi a última de uma série de três remessas, com 19 vagões cada uma, e que se somarão a outros oito veículos do mesmo tipo, mas montados pela subsidiária brasileira da fabricante. Mas o incremento na frota da empresa não pára por aí: além dessas 65 locomotivas de corrente alternada, outras 30 de corrente contínua foram incorporadas neste ano, elevando o total de veículos para 613.
“O investimento em frota é resultado da crescente demanda pelos nossos serviços”, explica Carlos Eduardo Fontenelle Carneiro, diretor de Operações da MRS, que tem como clientes Vale, Gerdau, CSN, Votorantim e Basf. Outra evidência disso é que a meta de movimentação, estipulada em 1996 no ato da concessão da empresa, foi antecipada em três anos. Ou seja, ela atingiu este ano a marca de um bilhão de toneladas operadas, volume previsto inicialmente para ser atingido em 2011. A concessão dura 30 anos, renováveis por mais 30.
A opção, inédita no país, de aderir às locomotivas de corrente alternada, neste caso, modelo GE AC 44i, nasceu de um projeto interno, como conta Luiz Cláudio Torelli, diretor de Engenharia e Manutenção: “Embora apresente uma série de vantagens, ainda restava dúvidas em relação ao quesito velocidade que, em alguns trechos, é reduzido. Foi o trabalho de pós-graduação de um de nossos colaboradores que provou que essa queda não é suficientemente significativa, a ponto de anular seus benefícios”. O autor do projeto foi Ênio Gomes da Silva Jr., que já foi maquinista, instrutor, e cursou o programa oferecido pela empresa em parceria com o IME – Instituto Militar de Engenharia.
Entre os benefícios, Torelli cita a tração de mais carga com 60% a menos de combustível. “Três locomotivas de corrente alternada equivalem a cinco de corrente contínua, em termos de capacidade de carga”, calcula o executivo. Outra grande vantagem apontada pelo executivo é em relação à conservação dos veículos. “A composição é mais simples e não sofre desgastes que são comuns nas locomotivas de corrente contínua. Isso resulta em menor intervenção de manutenção e, portanto, maior disponibilidade dos equipamentos”.