A alemã Viastore Systems, que acaba de inaugurar sua subsidiária no Brasil – a primeira da empresa na América Latina – recebeu a Tecnologística para contar sua estratégia para o mercado brasileiro. A empresa esteve presente na Movimat para apresentar sua ampla gama de soluções de hardwares para intralogística, como sistemas de separação de pedidos, sistemas de armazenagem/retirada automatizados, mini-loads, sistemas de controle de esteiras transportadoras, além de uma arquitetura de software integrada.
De acordo com Philipp Hahn-Woernle, sócio-diretor da Viastore, a empresa está estudando a melhor estratégia para atender ao mercado brasileiro, já que faz parte de sua filosofia fornecer soluções de nível global, mas adaptadas às características do mercado local. Para isso, a Viastore já conta com um presidente para a filial brasileira, Paulo Franceschini, com ampla experiência no mercado de logística e automação, além de um gerente de Sistemas e um gerente Comercial (veja detalhes aqui).
“Estamos estudando as características e o momento do mercado brasileiro para ver como atendê-lo da melhor maneira. A Viastore tem como característica colocar expertise local em todos os países em que atua, e aqui não será diferente. Aliás, as pessoas são nosso maior investimento inicial. Todas receberam treinamento intensivo na Alemanha dentro de operações reais, não apenas em teoria, o que acreditamos ser vital para entender às necessidades do cliente”, afirmou Woernle, sem detalhar valores de investimento na filial brasileira.
Ele conta que o foco da companhia hoje são mercados em crescimento e com grandes operações logísticas, como China e Brasil. “Como somos uma empresa familiar que cresce com capital próprio, temos de ser muito focados em nossos passos, e acreditamos que estes dois mercados sejam, no momento, os mais promissores para nossos produtos”, diz o executivo. “Por isso, Brasil e China são os dois únicos mercados em que a Viastore entrou sem ser solicitada por um cliente, mas por acreditar no seu potencial de crescimento”.
Embora não tenha ainda nenhum projeto no país, o executivo afirma que existem vários clientes mundiais da Viastore atuando no Brasil, muitos deles na região de Campinas, onde está instalada a filial da empresa. “Escolhemos esta região pela proximidade com os principais mercados, pelas facilidades logísticas e por estar próxima a muitos de nossos grandes clientes mundiais”, afirma o sócio-diretor.
Para Woernle, o momento atual do mercado brasileiro é ideal para o crescimento das soluções automatizadas de intralogística, já que a mão de obra começa a ficar cara e escassa e o preço das áreas vem subindo constantemente, tornando os produtos mais atrativos.
Franceschini concorda com ele e ressalta, contudo, que é preciso ensinar as empresas locais a fazer a conta do custo-benefício da tecnologia. “Elas ainda olham apenas o custo do equipamento, sem calcular os benefícios que terão com uma operação automatizada que é mais rápida, mais segura, com menor índice de erros e mais sustentável, já que muitos equipamentos podem funcionar até mesmo no escuro. Se você é, por exemplo, uma empresa que atende ao e-commerce, qual o custo de não entregar a mercadoria no prazo, ou de entregar o produto errado e ter de arcar com os custos do retorno? É essa conta final que o cliente, ao fazer, acaba optando por nossos produtos”, diz o presidente da Viastore para o Brasil.
Woernle complementa dizendo que uma boa estratégia para combater a resistência inicial é a automação começar pequena dentro dos clientes e ir crescendo conforme ele começa a ver seus benefícios. “Temos muitos casos de clientes que começaram apenas com o WMS e acabaram por adotar sistemas completamente automatizados”. Para ele, um diferencial da companhia é que o cliente tem um único interlocutor para software e hardware, o que evita o desgaste de ficar no meio do fogo cruzado entre ambos quando ocorrem problemas.
A Viastore oferece o Viad@t, um WMS atualizável e adequado a qualquer tipo de instalação, seja automatizada ou manual, com alto ou baixo giro, com poucas ou muitas linhas de pedidos. Além de funcionar independente de bancos de dados, o Viad@t pode ser configurado inclusive para equipamentos de terceiros. A Viastore é também uma parceira certificada de integração de sistemas SAP e especialista em armazéns e centros de distribuição turn-keys.
A empresa fornece ainda consultoria para os clientes, além de ter grande experiência na adaptação, modernização e retrofit de sistemas de logística já existentes, fazendo a reorganização de sistemas, substituição de máquinas de armazenamento e atualização tecnológica. Esta atuação, segundo Woernle, é muito vantajosa para os clientes, principalmente num mercado onde as estruturas, processos e tecnologias estão em constante mudança. “Muitas vezes, o cliente nos chama para substituir algumas máquinas e acaba por remodelar todo o sistema”.
Produção local
Embora Woernle afirme que ainda seja cedo para uma posição definitiva, ele revela que a empresa estuda a possibilidade de produzir ao menos parte dos produtos no Brasil, tendo em vista as dificuldades de importação no país e os benefícios da produção local, tanto em termos logísticos como financeiros, além das facilidades de crédito para o consumidor, como o Finame, por exemplo. “Vamos analisar o crescimento do mercado e decidir quando e quais produtos fabricaremos aqui, dependendo, é claro, do volume”. Além disso, ele diz que a produção local pode servir de plataforma para atendimento a outros mercados na região.
Enquanto a produção local não vem, a Viastore prepara sua estratégia de pós-vendas baseada na disponibilidade de peças de reposição, que é muito bem amarrada com o cliente nos contratos. “Os projetos podem tanto prever que o estoque de peças seja todo da Viastore como que fique em parte com o cliente, neste caso, recomendamos quais peças ele deve ter de acordo com sua criticidade e desgaste”, explica Woernle.
Neste ponto, outra vantagem apontada por ele é que muitas empresas que são fornecedoras de peças e partes para a Viastore estão instaladas no Brasil, o que facilita o processo.
Assim como dá foco para determinados mercados, a empresa também tem, a princípio, alguns segmentos-alvo para este seu início no Brasil, que são as indústrias de manufatura, alimentos, varejo, distribuição, frigorificados, química e farmacêutica. Porém, ela não descarta atender a outros setores, caso surjam oportunidades no caminho.
Depois consolidar as operações de Brasil e China, Woernle revela que o próximo passo será a Índia, dentro da estratégia de atuar em países com grande potencial de desenvolvimento. No mercado originalmente desde 1889 e atuando no segmento de intralogística há 40 anos, além da matriz na Alemanha, a Viastores possui filiais nos Estados Unidos, França, Holanda, Espanha, Russia e República Checa, atuando com parceiros na Polônia, Suécia, Turquia, Ucrânia e Croácia. “Esta diversidade de mercados também é vantajosa para o cliente, pois podemos deslocar profissionais de um para outro, atendendo às oscilações do mercado”.