Além da operação na nova fábrica da VCP e da estreia no setor sucroalcoleiro, operadora inaugura terminal intermodal ainda no primeiro semestre
O Grupo Julio Simões acumulou, em 2008, um faturamento de R$ 2,3 bilhões, índice que representa aumento de 37% sobre 2007. Para sustentar um crescimento da ordem de 14% em 2009, a empresa vem fechando novos e importantes contratos em diversas áreas. Dentre eles, destaca-se a estreia da companhia no ramo sucroalcoleiro, com base na experiência adquirida nos anos 1990, com a investida sobre a indústria de papel e celulose.
“Foi um namoro longo, que começou há cerca de três anos, quando nós apresentamos um estudo para a Cosan”, compara Fabio Velloso, diretor-executivo de Operações e Serviços. “Descobrimos então que o negócio da cana tinha particularidades que precisaríamos entender melhor, e nos dispusemos a acompanhar toda a operação, bem de perto, por alguns meses”, relembra o executivo, citando como exemplos de características especiais a sazonalidade do trabalho e o imenso volume de produção, que chega a 10 mil toneladas por dia, em apenas uma usina.
Concluída a fase de estudo, a Julio Simões definiu que 25% do valor total investido em uma nova usina de produção de açúcar e álcool são gastos em logística de CCT, sigla para colheita, carregamento e transporte. “Ou seja, se a produtora sucroalcooleira optar por terceirizar essa parte do processo, vai economizar o preço de uma usina inteira a cada quatro que construir”, calcula Velloso. A operadora logística fez aportes de cerca de R$ 70 milhões de reais, só em equipamentos e estrutura, para viabilizar o projeto que desenvolveu para as usinas produtoras – fora o dinheiro consumido em contratação e treinamento de pessoal.
O modelo logístico de CCT foi adotado pela Cosan, a princípio para vigorar na unidade Gasa, em Andradina (SP), e começou a funcionar entre o fim de março e o início de abril. Ainda não há dados consolidados, mas a expectativa é de que cresça gradualmente e se espalhe entre outras usinas. Apresentado para outras empresas produtoras, o projeto foi aceito também pela Clealco, cujas operações na filial de Queiroz (SP) tiveram início no fim do primeiro trimestre, e ainda pela Brenco, que está em fase final de construção de uma unidade em Alto Taquari (MT), aonde funcionará a operação da Julio Simões.
“Devido à crescente demanda pelo biocombustível, inclusive em âmbito internacional, nós acreditamos que o ramo sucroalcooleiro tem tudo para ser um novo case de sucesso, no sentido de tornar-se mais profissional nesta ponta do processo, exatamente como aconteceu com o setor florestal na década passada. Com o crescimento vertiginoso do setor, as empresas produtoras percebem que é melhor focar em sua própria expertise e procuram especialistas para executar a chamada CCT”, aposta o diretor.
Terminal
Outra novidade da Julio Simões é a construção de um complexo intermodal em Itaquaquecetuba (SP), facilmente acessível por trem ou via rodoviária, já que contará com desvio da linha férrea e fica ao lado do Rodoanel. “São mais de 550 mil metros quadrados de área, muito bem localizados entre os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro”, comemora Irecê Andrade, diretora Comercial, esclarecendo que a “edificação da sede será modular, obedecendo à ordem de chegada e às necessidades dos clientes”.
A executiva explica que já no primeiro semestre serão inaugurados os dois primeiros módulos, cada um com operação para um cliente diferente e cujos nomes ela ainda não pode divulgar. “Só posso dizer que a primeira parte vai abrigar apenas atividades de armazenagem para um grande cliente. A outra parte é uma operação mais complexa, que vai envolver inclusive o uso do desvio ferroviário e até de uma ponte rolante, que construímos especificamente para esse importante parceiro, da área de metalurgia” afirma.
Celulose
Dentre os setores em que a Julio Simões atua, Irecê aposta que um dos que terão boa atuação ao longo de 2009, é o de logística e transporte de papel e celulose. Mesmo sendo uma das operadoras mais tradicionais deste mercado, um novo contrato deve ser o maior responsável por aquecer os negócios nessa área este ano. A empresa fará a armazenagem e o transporte da celulose produzida na nova fábrica da VCP em Três Lagoas (MS) até a linha férrea da ALL que, por sua vez, encaminhará a carga até o Porto de Santos (SP), para que daí ela siga para exportação.
Este é um projeto provisório, já que a ALL está aumentando sua linha para cumprir, diretamente, o trajeto de mais de 700 quilômetros entre a planta e o porto – atualmente, esta linha está a 40 quilômetros de distância da fábrica. Para dar conta deste projeto, a Julio Simões precisou construir um CD de três mil e quinhentos metros quadrados em dois meses e a expectativa é de que a produção da VCP atinja um milhão e cento e cinquenta mil toneladas de celulose por ano nesta unidade.