A XIV edição reuniu cerca de 900 participantes no Rio de Janeiro
para discutir as tendências do segmento de logística e supply chain
A última edição do principal evento de logística do país, o XIV Fórum Internacional de Logística, realizada no Hotel InterContinental do Rio de Janeiro, entre os dias 11 e 13 de agosto – simultaneamente com a Expo-Logística, IX Feira de Produtos, Serviços e Soluções – registrou um número total de 900 participantes, durante os três dias de realização. Altos executivos, consultores, acadêmicos, especialistas dos mais diferentes setores afins, tanto do Brasil como do exterior estiveram presentes.
Segundo Cesar Lavalle, coordenador e integrante do Comitê Técnico Organizador do evento, o número de participantes foi 5% maior em relação à edição anterior e, pela primeira vez, teve uma oferta de temas acima da capacidade de inclusão na grade programática, refletindo o grau de importância que a logística tem representado para as empresas. “Com a expansão da economia brasileira e a busca por novos mercados, o planejamento logístico tem se tornado um diferencial para os embarcadores nacionais. Isso explica o fato de termos recebido tantos participantes das mais diversas atividades da logística", comenta.
A programação contou com 70 sessões, das quais nove gerais, 27 tutoriais, 1 painel, 33 cases, sendo 7 internacionais, com assuntos pertinentes à realidade vivida no mercado, iniciativas e soluções logísticas implementadas por grandes empresas. Entre os temas discutidos o mais presente foi da logística global atual e a inserção do Brasil na agenda dos executivos internacionais, além da gestão de riscos na cadeia de suprimentos, a crescente preocupação com o meio-ambiente e a sustentabilidade, as tecnologias e as ferramentas disponíveis para otimizar os processos entre outras soluções e assuntos.
Segundo César Lavalle, o ritmo das inscrições surpreendeu pela grande procura desde a virada do ano. “Acredito que o fato esteja relacionado com o grau de maturidade que o evento conquistou nos últimos anos, os temas fortes da programação e, obviamente, à importância que a logística vem ganhando com o crescimento da economia”, defende.
Um dos destaques da edição deste ano do Fórum foi a divulgação da pesquisa “Transporte Rodoviário de Cargas: Estudo de Oferta e Demanda", pelo professor Paulo Fleury, do Coppead/UFRJ, na abertura do evento. O trabalho apresentou uma análise exclusiva realizada com mais de cem empresas que atuam no segmento, como embarcadores, transportadores e entidades representativas, sobre o impacto do crescimento da economia no setor e a necessidade de se implementar sistemas logísticos cada vez mais estruturados e eficientes, para suprir as mudanças na oferta e demanda de serviços. O resultado da análise demostrou que, diante da forte demanda, 82% dos entrevistados já deixam de atender novos pedidos, na maioria dos casos porque preferem clientes mais lucrativos e qualidade de receita e não somente volume de carteira. Outros 57% afirmam que há o risco de um ‘apagão logístico’ no Brasil – muito embora, especialistas do setor, como Geraldo Vianna, diretor da CNT (Confederação Nacional do Transporte), afirmem que o fenômeno já vem ocorrendo em escala progressiva.
As sessões gerais desta edição foram focadas nas questões críticas à gestão efetiva do Supply Chain de alta performance, com ênfase aos desafios relacionados à transformação de perfil do profissional da área (a internalização do conceito de qualidade), a gestão de risco em Supply Chain globais (incluindo os impactos financeiros e outros referentes às redes de manufatura e suprimentos mundiais), o fenômeno da terceirização de operações logísticas (sob as óticas européia e brasileira) e a oferta cada vez maior de soluções e ferramentas de TI e gestão.
Um aspecto interessante desta edição revela a tendência de abertura do mercado global, antes focado no crescimento acelerado da China – muitos representantes de empresas do exterior e acadêmicos renomados de universidades estrangeiras presentes, já questionam a concentração dos objetivos no gigante asiático. “Hoje, a preocupação é abrir o raio, de forma a buscar um mix equilibrado de atuação em outros mercados emergentes, como Brasil, Índia e Rússia, e não depender apenas de um só”, comenta Lavalle.
Na edição de 2007, o perfil de participantes integrava em sua maioria executivos de nível de diretoria, alta gerência, média gerência, além de minoria de profissionais operacionais e outros cargos. Desta vez, o comparecimento de profissionais estratégicos de empresas multinacionais, foi marcante – com destaque para John Pattulo, Ceo Mundial da Ceva Logistics, Jim Wilson, diretor Executivo da JP Morgan, Pierrick Sanne, diretor de Logística Mercosul da PSA Peugeot Citröen entre outros nomes de expressão de outros setores.
Neste ano, de acordo com Lavalle, o conjunto de tutoriais e cases apontou para uma discreta ênfase em Purchasing & Sourcing, tema que tem despertado grande interesse por parte das empresas ultimamente, por tratar das áreas críticas que envolvem grande parte dos custos das empresas. Uma das plenárias mais concorridas foi a liderada por Kevin O’Marah, Chief Strategy Officer, da AMR Research, uma das maiores empresas de pesquisa do mundo. O Brasil apareceu no ranking da empresa como destaque no setor de manufatura, apesar dos conhecidos problemas de infra-estrutura do país. “O que o investidor quer é reduzir as incertezas”, comenta Lavalle.
Paralelamente, foram reunidos expositores entre transportadores de cargas, operadores, consultores, seguradoras e fornecedoras de softwares de gerenciamento, que apresentaram suas novidades aos presentes, debateram as tendências do setor em ocasiões formais e informais e compartilharam suas experiências.