O ano de 2022 foi marcado por um cenário desafiador e desestabilizado para os Operadores Logísticos - ou 3PLs (Third Party Logistics), como são conhecidos. Fatores externos domésticos e internacionais, muitos deles imprevisíveis, como os lockdowns na China influenciaram negativamente todo o setor.
Além disso, os operadores logísticos também precisaram lidar durante o ano com a distribuição desorganizada de contêineres pelo mundo - conhecida como "Crise de Contêineres"; a guerra entre Rússia e Ucrânia, cujo conflito gerou alguns desequilíbrios no supply chain global; e o aumento constante no preço do combustível, resultado da política de Preço de Paridade Internacional (PPI), adotada pelo governo do presidente Michel Temer em 2016 e mantida nos últimos quatro anos pelo presidente Jair Bolsonaro.
O PPI da Petrobras, por exemplo, gerou um incremento do gasóleo de 14,26% em um dos seus picos. Somente no primeiro semestre deste ano, foram registrados mais de 10 aumentos devido à política de preços da estatal, que reajusta os valores dos combustíveis comercializados a nível nacional sempre que o preço do barril de petróleo sobe no mercado internacional.
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Atualmente, no Brasil, o diesel chega a compor, em média, 40% de todo o custo operacional dos OLs. Com isso, apesar dos membros da Associação Brasileira dos Operadores Logísticos (ABOL) registrarem recordes de movimentação e faturamento desde o ano passado, o lucro não tem acompanhado o desempenho de maneira proporcional.
De acordo com informações divulgadas pela Abol, apenas 30% dos operadores logísticos repassaram todo o aumento desses custos para os seus clientes, sendo esse, até agosto, um dos maiores desafios do segmento no ano, devido ao cenário de muitas flutuações no preço do diesel.
“Embora o setor tenha quebrado recordes brutos de receitas, não batemos um recorde de rentabilidade, porque os principais fatores de exploração, como o combustível, nunca foram tão dispendiosos e voláteis no passado recente. Só a partir de agosto houve uma ligeira diminuição do preço, também fruto das políticas governamentais, como em que o imposto do Estado foi reduzido e o imposto federal chegou à zero por meio de um sistema de crédito. Mas são medidas temporárias e circunstanciais, que podem não continuar no próximo ano por afetarem as receitas públicas”, afirmou a diretora executiva da ABOL, Marcella Cunha.
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No entanto, apesar dos desafios, o balanço do ano é positivo, com registros de quebra de recordes de movimentação, além de novos investimentos.
"Investimos mais de 3,4 milhões de dólares num setor estimado atualmente em 1 mil empresas, com uma idade média de 34 anos de existência no nosso país. Mostramos, mais uma vez, a nossa força diante das adversidades e seguimos, agora, para um ano à frente de um setor em crescimento", completa Marcella.
Resultado de 2022 já era previsto no início do ano
Em fevereiro deste ano, a Abol divulgou o resultado de um estudo realizado junto às suas 29 companhias associadas para entender as expectativas e as tendências do mercado de operadores logísticos para 2022. A pesquisa havia apontado o sentimento de otimismo no segmento, que esperava o aquecimento do mercado, retomada da economia, projetos de expansão, além de investimentos em inovação, capacitação de pessoas, sustentabilidade e um aumento expressivo no faturamento.
No entanto, os operadores logísticos também já temiam que a alta dos combustíveis ainda pesasse para as empresas, que apostavam no crescimento constante do agronegócio e do e-commerce para driblar a flutuação nos preços do diesel.