Participação de investidores estrangeiros aumenta pela 1a vez em 5 anos na logística brasileira

A participação de investidores estrangeiros nas transações de transporte e logística no ano passado aumentou pela primeira vez em cinco anos no Brasil, de acordo com os dados do Relatório de Transações de Transporte e Logística 2022, produzido pela Connect Finanças Corporativas e que a Tecnologística teve acesso. No entanto, os investidores nacionais continuam dominando as transações do setor.

Segundo o relatório, os investidores nacionais continuam respondendo por grande parte (76%) das transações do setor e investidores estrangeiros aumentaram sua participação de 14% em 2021 para 21% em 2022. Entre os segmentos que mais se destacaram está o de LogTechs, que apresentou forte dinamismo durante a pandemia de Covid-19, e continua sendo muito procurado.

Para Ernani Mercadante, sócio da Connect, as instabilidades política e econômica do Brasil nos últimos anos foram os principais responsáveis por afastar os investidores internacionais do mercado de transporte e logística. Entre os principais investidores mapeados pela Connect estão a Amazon e a APM.

"Isso já vem desde o início da abertura do processo da presidente Dilma [Rousseff], passando por um governo de transição [de Michel Temer] e depois uma eleição bastante conturbada [com a vitória] de Bolsonaro, por conta da prisão de Lula", contextualiza à Tecnologística ao explicar que os investidores estrangeiros são mais sensíveis a essas situações por não estarem habituados.

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O relatório ainda apontou que que apesar do declínio de 17,8% nas transações do setor em relação a 2021, quando havia crescido 87,5% sobre 2020, o número de transações observadas manteve-se alto. 

"A gente teve dois anos com um movimento muito intenso de transações. Esse ano de 2022 um pouco menos que 2021, mas foram os dois melhores anos, com mais transações no setor, que a gente observa desde 2014", pontua Ernani.

Número de transações
Mesmo com a retração de 17,8% observada em 2022, o número de transações no setor de transportes e logística no Brasil apresentou crescimento robusto nos últimos anos, crescendo em média 49,8% ao ano no período de 2019 a 2022, conforme o relatório.

"Os dois principais efeitos estão relacionados ao aumento dos investidores estrangeiros e ao aumento dos setores de tecnologia, as LogTechs", afirma Ernani.

Ao incluir as concessões públicas de portos e aeroportos, o crescimento médio anual foi de 14,5% entre 2019 e 2022, sendo que no ano passado houve uma redução no ritmo de privatizações de infraestruturas logísticas e no número de concessões públicas transacionadas, saindo de 12 processos em 2021 para apenas 5 processos em 2022.

Expectativas para 2023
Com o início de uma nova gestão do governo federal, a expectativa é que haja uma drástica redução no número de concessões e privatizações para este ano. No entanto, em relação aos outros segmentos, Ernani Mercadante espera que haja uma continuação nas transações nos segmentos mais tradicionais como o transporte rodoviário.

"Com a retomada dos programas sociais, espera-se um aumento no consumo, por consequência um maior volume no número de transportes e um interesse maior nesse segmento, então, demanda maior infraestrutura de transporte, seja de caminhões, armazenagem ou de atividades logísticas em geral", explica.