O governo do estado do Paraná lançou o edital que prevê obras de derrocagem na entrada do Porto de Paranaguá, intervenção que permitirá que o complexo portuário receba navios maiores e com mais capacidade de carga. A derrocagem consiste na remoção de formações rochosas que consistem em obstáculos para a navegação.
O investimento previsto é de quase R$ 32 milhões, com recursos próprios da Administração Portuária dos Portos de Paraná e Antonina (Appa). “Essas rochas estão localizadas na área de manobra dos navios e limitam a profundidade na entrada da baia. Com a remoção, junto com os investimentos de dragagem, teremos ganhos operacionais efetivos”, explica o diretor-presidente da Appa, Luiz Fernando Garcia.
Na obra, considerada emergencial, serão removidos seis maciços de rochas que somam 22,3 mil metros cúbicos. A menor delas tem 361 metros cúbicos e a maior 8 mil. As formações são parte de um complexo conhecido como Pedra da Palangana, com mais de 200 mil metros cúbicos, localizado no canal principal de acesso ao Porto de Paranaguá, à frente do terminal de contêineres.
De acordo com o diretor de Engenharia e Manutenção dos portos, Rogério Barzellay, o edital prevê a contratação do projeto executivo e da execução da obra. “O projeto básico já foi feito e a obra já está licenciada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Nossa previsão é que o processo de contratação seja finalizado nos próximos seis meses. Depois disso, a expectativa é que a empresa vencedora do certame finalize a obra em até oito meses.”
O procedimento ocorrerá em várias etapas. Primeiro, um grupo de mergulhadores verifica se existem peixes ou outros animais marinhos nas rochas. Em seguida, utilizam um dispositivo que emite vibrações sonoras que repelem os organismos para fora da área de impacto das explosões. Para garantir o menor nível de impacto possível, antes da primeira explosão é realizado ainda o monitoramento acústico com um dispositivo sensível às frequências sonoras emitidas por golfinhos e botos, que permite identificar se ainda há algum desses animais próximos à região.
O passo seguinte é a instalação de uma cortina de bolhas que reduz o impacto da explosão e impede a reaproximação dos animais. Antes da detonação, os mergulhadores permanecem espaçados para continuar a verificação da área. Na sequência, uma barcaça equipada com perfuradores se posiciona em cima das rochas e faz furos que serão carregados de explosivos nas pedras.
Depois da explosão, uma draga mecânica equipada com guindaste e grab ou escavadeira recolhe os pedaços menores das rochas e os deposita em uma barcaça com cisterna. No cais, outro guindaste pega as rochas da barcaça e carrega os caminhões que levam o material para o destino determinado pelo Ibama. Todo o procedimento será acompanhado, desde a contratação até um ano após a conclusão da obra, por um monitoramento ambiental específico.
Finalizada a derrocagem, a empresa fará uma batimetria de categoria A, que mede a profundidade da área e é usada para garantir a segurança e a eficiência do tráfego de embarcações. Os resultados dessa medição serão encaminhados à Marinha para validação e determinação de um novo calado, que corresponde à altura de água necessária para o navio flutuar livremente.