Representantes do setor discutem práticas mais eficientes e divulgam investimentos para a melhoria das operações
A Federação das Indústrias do estado de São Paulo (FIESP) realizou ontem, dia 19 de maio, o 7º Seminário sobre Ferrovias. Na ocasião, representantes do governo Federal, da indústria, usuários e operadores ferroviários discutiram os diferentes temas que permeiam o setor, como modelo de concessão, ampliação da malha e a importância dos investimentos no segmento a fim de suportar o crescimento sustentado do país.
O presidente da Valec, estatal responsável pela exploração e construção da infraestrutura ferroviária, José Francisco das Neves, divulgou o cronograma de ações da companhia. De acordo com ele, a Ferrovia Norte-Sul (FNS), que ligará o estado do Pará a Goiás, estará concluída até o próximo mês de dezembro. Anunciou, ainda, a previsão de estender a via até o estado de São Paulo e, posteriormente ao Rio Grande do Sul. Além disso, divulgou a intenção de, a partir de um modelo adotado na Espanha, comercializar a capacidade de transporte àqueles interessados em utilizar novas malhas. Contratos em vigência de concessão não serão alterados.
Neves aproveitou a oportunidade e mostrou mais duas iniciativas da empresa, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) e a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO). A primeira, orçada em R$ 6 bilhões ligará os estados da Bahia e Tocantins. “Abriremos a licitação para construção no próximo mês de junho”, diz. Já a FICO terá seu edital lançado até o final deste ano. Com previsão de investimentos de R$ 4,1 bilhões, a ferrovia integrará a Amazônia – Acre, sul do estado do Amazonas e Rondônia – a Goiás.
Agente financeiro
Presente ao evento, o gerente do Departamento de Transportes e Logística do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Dalmo Marchetti, salientou que o setor ferroviário e estratégico para a instituição e a meta é oferecer subsídios para reduzir os custos logísticos, aumentando a competitividade das empresas do segmento.
Para isso, ele conta que as principais iniciativas do BNDES estão relacionadas a projetos de redução de gargalos – eliminação de passagens em nível em ambientes urbanos e melhoria no acesso aos portos – e expansão das linhas. A verba para isso já está destinada. “O banco vai aplicar entre 2010 e 2013 R$ 56 bilhões em logística, sendo que 43% deste total serão destinados às ferrovias”, ressalta.
Operadores e usuários
As empresas que exploram a malha também apresentaram suas propostas para a melhoria do setor. Para o presidente da MRS Logística, Eduardo Parente, o grande desafio da companhia é eliminar a utilização compartilhada com as linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). A proposta, divulga, é segregar as vias, traçando uma malha paralela a de passageiros. Além disso, investir em novos acessos à cidade.
O presidente da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), Marcelo Spinelli, mostrou o planejamento da companhia até 2011. Segundo ele, R$ 371 milhões serão aplicados na ampliação da capacidade de pátios, aquisição de locomotivas – cerca de 14 – e construções de terminais e de um pólo intermodal.
Já o diretor de Logística da Copersucar, Maurício de Mauro, e o gerente de Transporte Ferroviários da Bunge, Paulo Caprioli, têm a mesma opinião. Para os executivos, é fundamental o país ser dotado de uma infraestrutura ferroviária eficaz, melhorando continuamente os trechos já existentes e investindo em regiões hoje desprovidas de ramais ferroviários.
Foto: Pedro Ferrarezzi