A Companhia Docas do Rio de Janeiro acaba de liberar R$ 3 milhões para serem aplicados nas obras de dragagem no porto de Angra dos Reis, visando aumentar o calado de 9 para 10 metros, o que possibilitará a atracação de navios maiores, tipo Panamax, de 70 mil toneladas de porte bruto (TPB). As obras começam ainda neste semestre e a previsão é de que estejam concluídas na segunda metade de 2006.
As obras só puderam ser viabilizadas graças ao aumento da verba disponibilizada pela CDRJ, que passou de R$ 6 milhões para R$ 9 milhões. A diferença do montante será aplicada no porto a partir de 2006. A companhia Docas do Rio também transferirá para Angra dois guindastes de 16 toneladas cada, hoje ociosos no Porto do Rio de Janeiro.
"Angra é um porto pequeno, mas plenamente viável, particularmente pelo potencial para tornar-se uma base de apoio à exploração off-shore de petróleo e gás natural", declarou o diretor de Gestão Portuária de Docas, Luiz Rafael d’Oliveira Mussi.
A localização a meio caminho das duas grandes cidades brasileiras, Rio e São Paulo, e a proximidade da Bacia de Santos, que se estende do litoral norte paulista ao sul fluminense, são pontos a favor de Angra, destaca Mussi. "Valendo-se dessa localização e tendo como base a experiência bem-sucedida em Vitória, com a Shell, nosso plano de negócios prevê a disputa por serviços de apoio a plataformas de exploração de petróleo e gás", completa Fernando Sterea, da Angraporto Offshore Logística, empresa responsável pelo apoio às atividades de exploração e produção de óleo e gás e pertencente ao mesmo grupo da FCA-Planeta Operadora, que administra o porto de Angra dos Reis.
A Bacia de Santos, ainda em fase de exploração, deve começar a operar em dois ou três anos. O porto de Angra dos Reis está localizado no município do mesmo nome, na baía de Ilha Grande, no litoral Sul do Estado do Rio de Janeiro, a cerca de 80 km do porto de Sepetiba (RJ), e entre este porto e o de São Sebastião (SP). Em 1998 foi arrendado por 25 anos para a operadora.
A mesma disposição em descobrir nichos e otimizar receitas reflete nos planos para Angra dos Reis, em parceria com o operador privado. "Temos parceiros em mira para o terceiro berço, que permitiria um calado maior, da ordem de 12 metros, compatível com os grandes graneleiros. E sondagens promissoras para um shopping náutico na área contígua ao cais, aproveitando a concentração de turistas de alto poder aquisitivo na região e atraindo-os ao centro da cidade, hoje pouco freqüentado", diz o diretor de Gestão Portuária de Docas.
As medidas refletem o otimismo com a recuperação de Angra, depois da baixa na operação nos últimos três anos, motivada pela transferência para Sepetiba dos embarques de produtos siderúrgicos da CSN e pela longa interdição de um trecho de 40 km na Ferrovia Centro-Atlântica, que prejudicou o acesso ao porto.
Vera Campos