A Vanderlande Industries (VI), empresa holandesa entre as maiores fornecedoras mundiais em sistemas e soluções de material handling, está consolidando suas operações no país com o fornecimento de sistemas de sorter de bagagens automatizados para os aeroportos do Galeão (RJ), Guarulhos (SP) e Brasília, dos quais foi a vencedora das concorrências ocorridas em 2012 e 2013.
Embora esteja entrando no Brasil com escritório e equipe de vendas próprios, a VI já havia desenvolvido um projeto no país, justamente no Galeão, no ano 2000, como coloca o diretor Comercial da empresa para o Brasil, Durand Rekko. “Era um sorter completo e automatizado, mas a tecnologia operacional do aeroporto ainda não estava adaptada para receber este tipo de sistema, que acabou não sendo usado.”
Ele explica que, alguns anos atrás, a empresa traçou uma estratégia para novos mercados e decidiu entrar nos países BRICS, já estando com sucesso na Índia, Rússia e China. “Investigamos o que estava acontecendo no Brasil e vimos que o cenário – com os grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo e a Olimpíada, além das privatizações e concessões de aeroportos – era muito favorável para a entrada da empresa. E resolvemos entrar.”
No Galeão, a empresa já está trabalhando na instalação, no T2. Já em Guarulhos, o primeiro projeto da VI é equipar o TPS 3, o novo terminal de passageiros do aeroporto, no qual os trabalhos já foram iniciados. É esperada também a renovação dos equipamentos dos já existentes TPS 1 e 2, e prevista a construção do TPS 4, até 2022. E a Vanderlande, claro, está atenta ao movimento. “O prédio do TPS 3 cresce rapidamente e nosso sistema lá será estado da arte. Há muitas novidades previstas para esse aeroporto e esperamos participar delas”, reforça Rekko.
Todos os projetos, incluindo o de Brasília, têm o desafio de estarem prontos e operando até a Copa do Mundo de 2014, então têm alta demanda por um bom gerenciamento. Mas o prazo curto não assusta a empresa. “Temos uma tecnologia complexa e somos a única no mundo a poder fazer esses projetos com sucesso num prazo tão pequeno. Possuímos muita experiência em trabalhos desse tipo, já provemos sistemas para outros eventos esportivos de grande monta e em situações semelhantes, então conhecemos os deadlines e sabemos que conseguimos cumpri-los”, afirma o executivo.
A Vanderlande não descarta o fornecimento de equipamentos para aeroportos médios e pequenos, para os quais também tem soluções adequadas. Mas, segundo Rekko, a meta agora é dar foco aos contratos com os três terminais que, juntos, atendem 50% dos passageiros no Brasil. “É uma boa base inicial, mas depois vamos partir para projetos nos outros aeroportos que estão sendo leiloados e privatizados.”
Áreas de atuação
Além da divisão de sistemas aeroportuários, que é a principal da empresa, responsável por 50% dos negócios, a Vanderlande atua ainda em mais duas: a divisão chamada de Parcel and Postal, que fornece sistemas para companhias de remessas expressas, correios e outras indústrias com grandes volumes que entram e devem ser redistribuídos para diferentes destinos; e a divisão de serviços relacionados às duas primeiras.
E é essa terceira área que será o próximo foco da VI no Brasil, envolvendo a manutenção e a operação dos sistemas, o que normalmente é feito com pessoal da própria empresa alocado on-site. “Como são sistemas complexos e sensíveis, precisam de um acompanhamento constante, de manutenção e de pessoas preparadas para agir em casos de emergência, pois a parada de um sorter pode comprometer a operação do terminal. Existem casos como uma etiqueta dobrada, o que a impede de ser lida pelo sistema, ou de queda de eletricidade, em que todos os computadores devem ser reiniciados rapidamente, ou ainda circunstâncias relacionadas com as mudanças de voos e reposicionamento de aviões. Nosso trabalho é como o dos bombeiros: em 95% do tempo, estamos tranquilos, mas quando surge a emergência, devemos estar aptos a agir com precisão e rapidez.
A VI tem por estratégia operar com times mistos, parte local, parte vinda de fora. “Nós contratamos engenheiros de projeto locais, que se reportam aos executivos holandeses. As equipes de serviço são 100% brasileiras. Por outro lado, os equipamentos não serão produzidos no Brasil. A Vanderlande trabalha com plantas na Holanda, de onde saem os sistemas mais sofisticados; nos Estados Unidos, que abastece principalmente o mercado local, e na Ásia, de onde vêm os equipamentos mais simples. “Fazemos um mix e juntamos tudo isso para criar a solução completa”, resume Rekko.
Com relação à divisão Parcel and Postal, o diretor explica que, embora ela exista no país e até já tenha sistemas desenvolvidos e operando para a TNT e a Continental, que são clientes globais e solicitaram projetos aqui, por enquanto ela não será foco. “Vamos entrar com tudo na divisão de aeroportos, ganhar uma boa reputação no mercado e depois avançar com as outras linhas. As equipes no Brasil estão concentradas em aeroportos e podem vender as outras áreas também. Mas os projetos são feitos na Argentina, que atende toda a América Latina em todas as divisões, com exceção de aeroportos no Brasil, que está sob minha responsabilidade”, esclarece.
Com relação à participação dos negócios brasileiros dentro do total da companhia, Rekko afirma que ela está crescendo e que a projeção é alcançar um volume anual médio de R$ 100 milhões, frente ao resultado mundial de aproximadamente 700 milhões de euros que a VI apresenta por ano.