A administração dos Portos do Paraná desenvolveu um projeto a fim de melhorar e gerar novas alternativas ao sistema viário e aos modais que operam no Porto de Paranaguá. A ideia é concentrar a descarga ferroviária dos granéis sólidos para exportação. A proposta foi apresentada pela Portos do Paraná aos representantes dos Terminais do Corredor de Exportação de Paranaguá, durante a reunião mensal da Associação dos Terminais do Corredor de Exportação de Paranaguá (Atexp).
Desenvolvido pela diretoria de Engenharia e Manutenção, em conjunto com a Rumo, o projeto prevê benefícios para a cadeia logística – portos, operadores e transportadores –, com o aumento da capacidade de descarga e redução dos custos, e também para toda a comunidade.
Segundo o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia, as melhorias imediatas serão a eliminação das interferências rodoferroviárias, aumento da segurança, fluidez na circulação urbana e redução de ruídos, principalmente os gerados pelas buzinas dos trens. “Ao tempo que a produção cresce e o movimento dos portos aumentam faz-se necessário o planejamento de uma melhor organização logística especial no que tange o transporte ferroviário. Por isso, iniciamos um processo de estruturação de uma melhor recepção ferroviária, em modelo único ainda no País.”
O projeto propõe, por exemplo, a construção de uma moega exclusiva para a descarga dos trens no Corredor de Exportação do Porto de Paranaguá. Ou seja, os granéis sólidos, como soja, milho e farelo, vindos pela ferrovia chegariam nesta estrutura e seguiriam aos terminais por correias transportadoras.
Em princípio, seriam três linhas independentes de correias. Cada uma com capacidade para receber carga de até 60 vagões simultaneamente, de produtos diferentes. Essas correias transportadoras seriam conectadas com os terminais arrendados pela Portos do Paraná – Cargill, Centro Sul, Dreyfus, Cotriguaçu e Interalli. Porém, os demais terminais poderiam se interligar ao sistema ou operar em conjunto.
Essa mudança, segundo a diretoria de Engenharia da Portos do Paraná, reduz as interferências rodoferroviárias, os cruzamentos entre as vias rodoviárias e as linhas dos trens. Os 16 cruzamentos atuais seriam reduzidos a apenas cinco. “Nessas interferências há várias composições, ao longo do dia, com trens menores. O que significa mais interrupções, mais perturbações no tráfego”, diz o gerente-executivo da área de projetos estratégicos da Rumo, Cristiano Donati.
Para complementar o projeto da concentração da descarga, a Rumo se comprometeu a contribuir com investimentos em modernização da frota de vagões e das locomotivas, além de capacitação da ferrovia. “A intenção é ter trens maiores. Teremos menos vagões, com mais capacidade e velocidade. Ou seja, uma redução de tempo e do número de vezes que o trem passa por essas interferências”, afirma Donati.
Para Donati o gerente-executivo da área de projetos estratégicos da Rumo, o projeto torna a descarga ferroviária de granéis de exportação mais eficiente, o que pode ampliar a participação do modal de 30% para 50%. “Estamos trabalhando para o futuro, diante da previsão de movimentação de 80 milhões de toneladas daqui a 20 anos. Isso não vai acontecer se considerarmos apenas o modal rodoviário. O projeto tenta harmonizar os modais e reduzir a dependência doe caminhões”, explica Donati. Os números apresentados estimam a redução de 700 caminhões por dia em Paranaguá, com aumento de 532 vagões diárias e redução de até 30% nos custos logísticos.