Empresa consolida integração da AGR Rodasul e finaliza processo de compra da GLog, Gtech e Revitech, prevendo faturamento acima dos R$ 600 milhões este ano
A AGV Logística, operador logístico integrado com sede em Vinhedo (SP), está finalizando o processo de negociação de empresas iniciado no ano passado, com a fusão junto à gaúcha AGR Rodasul. Com a empresa já integrada às suas operações, a AGV finaliza esta semana a compra, anunciada em abril último, de outras três empresas– GLog e Gtech, do Grupo Granero, e Revitech, pertencente ao mesmo acionista das outras duas e atuante em serviços de manutenção de equipamentos de automação bancária. Com isto, a empresa amplia a participação no segmentos bancário, além de fortalecer a presença na região Sul, onde a AGR era líder. A empresa aumenta também sua área de armazenagem em mais de 370 mil metros quadrados, dobrando seu quadro de funcionários. Agora, são quatro mil colaboradores em 39 unidades em 14 estados, atendendo a um portfólio de mais de 190 empresas.
As aquisições foram feitas em parceria com o investidor americano Equity International, investidor da AGV desde 2008. O presidente da operadora, Vasco Carvalho Oliveira Neto, afirma que as aquisições, somadas ao crescimento orgânico, farão com que o faturamento da empresa supere os R$ 600 milhões ainda este ano, contra os R$ 280 milhões de 2009. Embora não revele cifras nem a participação do grupo investidor, Neto afirma que a AGV continua majoritária na sociedade.
Ele explica que as aquisições são parte de uma estratégia de longo prazo da AGV, que enxerga que o mercado de logística brasileiro está apenas iniciando seu processo de consolidação, que – a exemplo do que ocorre em setores mais maduros da economia, como varejo e bancos – deve se acentuar nos próximos anos. “Para fazer frente aos grandes players nacionais e internacionais, devemos crescer em faturamento, presença geográfica e gama de serviços. Porque não tenho dúvidas de que o mercado irá se concentrar cada vez mais e os cliente exigirão operações integradas num mesmo prestador de serviços, o que aumenta a necessidade de profissionalização, gestão e capital para investir nos novos contratos”, afirma Oliveira Neto.
Assim, as aquisições visaram fortalecer a empresa em suas áreas-foco de atuação, que são os setores de saúde humana, saúde e nutrição animal, químico de tecnologia, serviços bancários, industrial, automotivo, bens de consumo e varejo. “A ideia é ganhar mais escala em setores em que já atuávamos, agregando a frota própria, que a AGV praticamente não tinha. Com a GLog e a GTech, agregamos cerca de 500 conjuntos cavalo-carreta, além da frota a AGR, totalizando uma frota própria de 650 equipamentos”.
Com isto, ele espera ter maior controle sobre os ativos e maior flexibilidade nas soluções oferecidas aos clientes, principalmente neste momento de retomada do mercado, em que, segundo ele, há um desequilíbrio entre oferta e demanda, pressionando os preços. “Em 2009, durante a crise, houve um desaquecimento, gerando revisões de contrato e redução nos preços praticados. Isto ocorreu no mercado em geral e a AGV não foi exceção. Com o reaquecimento da economia a partir de outubro de 2009, que se acentuou no início de 2010, houve uma reversão deste quadro e a retomada dos preços. Estamos sofrendo pressão dos nossos fornecedores de transporte em preço e disponibilidade, daí a necessidade da frota própria”, explica o executivo.
De acordo com ele, o perfil da frota é diversificado, com predominância de veículos pesados, como trucks e carretas. “Estamos concluindo um estudo para renovação da frota e este perfil pode mudar, baseado em nossas necessidades. Mas ainda não é possível adiantar nada, porque o estudo está em fase de finalização”, coloca.
Com as aquisições, a empresa espera também ganhar escala, tanto regional, como nos serviços e setores atendidos. “Quando fazemos um negócio, olhamos sempre para três aspectos: especialização vertical de indústria, oferta de serviços e presença geográfica. Para tanto, em cada unidade de negócios temos pessoas especializadas que só olham para aquele setor. Assim, quem pensa em banco não pensa em saúde humana, por exemplo. Na oferta de serviços, temos uma gama muito grande, que vai muito além de armazenagem e transporte simplesmente; oferecemos serviços de valor agregado, como compra e venda de insumos para clientes, logística reversa etiquetagem e rotulagem, somente para citar alguns. E geograficamente estamos bem representados. Com a AGR, somos líderes no Rio Grande do Sul e estamos presentes com armazéns próprios em 14 estados brasileiros, fazendo distribuição para todo o país. No ano passado, atendemos a 4.200 municípios, atingindo 95% do PIB brasileiro. Já estamos em muitos setores e agora buscamos ainda mais escala”.
De olho nas oportunidades
Para o presidente da AGV, a fase de aquisições ainda não terminou para a empresa. “Acreditamos que ainda tem muita coisa para acontecer e não vamos encerrar por aí”, coloca. “No futuro, o mercado só terá os grandes e os pequenos operadores logísticos. Os médios serão engolidos pelos grandes, porque nem podem competir em preço com os pequenos, pois sua estrutura é mais pesada, nem competir em estrutura e serviços com os grandes, pois não têm capital, conhecimento e capacidade de gestão, que é um dos grandes entraves às empresas nacionais. E cada vez mais o mercado irá demandar operadores integrados, que ofereçam uma ampla gama de serviços, ao invés de contratar os serviços pulverizados. E são poucos com capacidade de ofertar toda a gama, pois isto torna maior a necessidade de grandes investimentos. Irá se sobrepor quem tiver melhor gestão, capacidade de investimento e crédito. E nós queremos ser uma dessas empresas”, afirma.
Oliveira Neto enxerga futuro não apenas para as fusões e aquisições, como para o mercado de logística no país que, em suas palavras, ainda é incipiente, pois começou mesmo só depois do Plano Real. “O mercado brasileiro ainda tem muitos nichos a explorar. Existe uma grande deficiência de infraestrutura e logística, que hoje são gargalos para o crescimento do país. Os serviços irão continuar sendo fortemente demandados. A AGV, por exemplo, vinha tendo um crescimento orgânico médio de mais de 40% ao ano antes da crise e pode crescer organicamente 30% nos próximos dez anos. Haverá uma grande demanda de serviços logísticos para empresas que tiverem diferencial competitivo.
Leia mais sobre a AGV Logística e o mercado de operadores logísticos brasileiro na edição de junho da Tecnologística