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Maringá se prepara para ser hub regional

Por Redação em 11 de fevereiro de 2010 às 14h45 (atualizado em 13/04/2011 às 17h28)

Polo econômico paranaense com forte vocação empreendedora e tradição cooperativista, o município trabalha para ser também um centro logístico regional com infraestrutura multimodal, que visa ao mesmo tempo dar vazão ao aumento de produção e atrair novos investimentos

Localizada no norte do Paraná, Maringá é, apesar da urbanização recente, um importante polo econômico no estado. Formada em grande parte por imigrantes europeus e japoneses, a cidade desenvolveu um caldo cultural de onde emergiu sua população empreendedora, com tradição cooperativista e qualificada, com 12% de seus 335 mil habitantes nas universidades. Com renda per capita anual de R$ 18.914, o município foi considerado o mais seguro do Brasil em levantamento do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – realizado em 2005.

O Produto Interno Bruto da região metropolitana, composta por 14 municípios, é de R$ 6,1 bilhões e se divide entre o setor de serviços, com participação de 50%; industrial, com 35%; e agrícola, com 15%. Para dar vazão a toda essa capacidade produtiva e impulsionar ainda mais esse potencial, Maringá tem se preparado, em termos de estrutura logística e facilidades operacionais e fiscais, para ser o grande hub concentrador de cargas da região.

Segundo a prefeitura, o município é o que mais recebeu verbas federais per capita, entre 2007 e 2009, para obras de infraestrutura, como o contorno rodoviário ao sul da cidade e o rebaixamento da linha férrea, administrada pela ALL, obra em andamento. Já existe também o projeto para o contorno norte, que prevê a edificação de 18 viadutos e que deverá custar R$ 150 milhões aos cofres públicos. “Evidentemente, as verbas federais não são concedidas ao acaso e dependem de três fatores principais: um bom projeto, que apresente as necessidades, as dificuldades técnicas e orçamentos fiéis; um bom relacionamento político e responsabilidade fiscal. Tudo isso nós temos”, afirma Silvio Magalhães Barros II, prefeito do município.

A título de exemplo, ele diz que, no projeto do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – que estuda as 14 cidades mais viáveis para a implantação do Trem de Alta Velocidade (TAV), Maringá está em segundo lugar.

Mais do que apenas adequar sua estrutura ao volume atual de produção, a cidade trabalha para dobrar de tamanho em 30 anos. “Já estamos trabalhando para 2040 e consultando a população a respeito dos caminhos a serem seguidos. A ideia é que nos transformemos em um polo desenvolvedor de tecnologia”, informa o prefeito, acrescentando que vantagem competitiva é o que não falta ao município. “Aqui fica o maior distribuidor nacional da Intel, responsável por 80% dos processadores da fabricante que circulam no Brasil; além disso, oferecemos alíquota de ICMS de 3% para esse tipo de produto, contra 12% no restante do país. Temos ainda ótimos cursos universitários voltados para a área e já contamos, inclusive, com um local para a instalação desse futuro centro tecnológico”, justifica o prefeito.

Sobre a realidade logística do município, o político credita sua situação como sendo confortável, já que se localiza no final de uma linha férrea. O que não significa que não necessite de melhorias, como o rebaixamento da ferrovia para evitar conflitos com a via urbana, obra que teve investimento de R$ 132,6 milhões da prefeitura, mais R$ 50,6 milhões concedidos pelo governo federal, e que está em andamento, com previsão de conclusão em dezembro próximo.

Primeira desse porte e desse tipo no Brasil, a obra servirá de referência para outras cidades que decidam, como fez Maringá, por não desviar a malha para fora da área urbana como forma de evitar as passagens de nível, optando por interligá-la a outros modais a partir de um anel rodoviário e uma rede de terminais.

Todos os modais

Para complementar a estrutura logística terrestre, o município avança também na parte aérea. O aeroporto regional Silvio Name Júnior realiza 32 operações diárias entre pousos e decolagens, e recebeu 320 mil passageiros em 2009, um aumento de quase 50% em relação a 2008, quando passaram por lá 217 mil passageiros – média de crescimento bem superior à nacional, que ficou em 17% no ano passado.

Administrado pela SBMG, empresa de capital misto municipal, o terminal ocupa uma área de quatro mil m2 em um terreno total de 70 alqueires. “Do jeito que estamos hoje, temos capacidade para 430 mil passageiros, mas ocupamos cerca de um quarto do espaço potencial total”, explica Marcos Antonio Valencio, superintendente do aeroporto, completando que já existe um projeto modular de expansão que será implantado conforme o aumento da demanda. “Encaramos o terminal como ferramenta de desenvolvimento regional e queremos otimizar essa vocação ao máximo, transformando-o em catalisador de novos negócios”, coloca Valencio. Em relação aos 67 aeroportos administrados pela Infraero, empresa de capital misto federal, o Silvio Name Júnior tem a vantagem de que todo lucro gerado será reinvestido ali mesmo, fomentando a economia da região.

Desde agosto de 2009, o aeroporto de Maringá conta também com um terminal internacional de cargas, o TeCa Internacional Norte do Paraná, empresa que compõe o grupo Maringá Armazéns Gerais, ao lado do Porto Seco Norte do Paraná. Inaugurado em 1996, o Porto Seco foi criado para desembaraçar a carga internacional que já passava pela cidade devido ao entroncamento rodoviário com Curitiba. “Hoje, o principal negócio do Porto Seco são os artigos relacionados à informática, que respondem por um terço da movimentação, graças principalmente à política fiscal paranaense”, explica Marcos Capellazzi, superintendente de ambas as empresas. Passo natural a ser dado pelo grupo, portanto, o TeCa recebeu, entre agosto – mês de sua inauguração – e dezembro do ano passado, dez voos internacionais de carga, com cerca de 33 toneladas cada e valor de US$ 3,5 milhões por carregamento, em média.

Com infraestrutura consolidada e modernos equipamentos de carga, descarga e movimentação de mercadorias, além de câmara com temperatura controlada, as duas empresas não necessitam de investimento para crescer, mas pretendem diversificar cada vez mais os negócios. “Um dos primeiros segmentos em que estamos apostando é o da importação e exportação de flores”, diz Capellazzi sobre um mercado que movimentou quase US$ 22 milhões em 2008, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento.

Polo de moda

Entre as indústrias que se destacam, além da metal-mecânica, uma das que mais vêm ganhando terreno é a têxtil; e não só a produção de tecidos, como também a confecção. O Paraná é o segundo maior produtor de moda brasileiro, atrás apenas de Santa Catarina, e isso se deve em grande parte a Maringá. “A região conta com aproximadamente 1.200 empresas nesse setor e daqui saem 70% dos jeans vendidos no país, sejam eles de marcas regionais ou de grifes que terceirizam no município sua produção”, contabiliza Alexandre Vivan, gerente Comercial do Avenida Shop-ping, um dos centros de atacado pronta-entrega da cidade.

Segundo o executivo, existem três shoppings desse tipo e cerca de mil lojas do gênero, que geram cerca de 60 mil empregos diretos e indiretos e faturam alto: foram R$ 400 milhões em 2008. “Recebemos entre 15 mil e 20 mil clientes por mês, vindos dos três estados do Sul, do interior de São Paulo, além de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Acre, Minas Gerais e até do Paraguai, em busca da moda maringaense”, informa Vivan, complementando que essas pessoas costumam deixar Maringá com até 50 quilos de mercadoria, média que se aproxima do limite de bagagem estabelecido pelas companhias aéreas, de 70 quilos.

Estrutura para commodities agrícolas

O primeiro e fundamental produto agrícola a ser cultivado na região foi o café, mas hoje também o campo diversificou-se, e planta-se milho, trigo, soja e, principalmente, cana. Açúcar e álcool são os produtos que mais transitam na ferrovia da ALL, que passa por dentro de usinas e centros de consolidação, quase todos funcionando por cooperativa e reunindo mais de um produtor. “Só a Bunge, um de nossos principais clientes, opera entre 200 e 250 vagões por dia. A Usina Santa Terezinha, o segundo maior volume, carrega em média cem vagões de açúcar e descarrega outros cinquenta”, calcula José Baptista Cereser de Olivera, gerente da ALL em Maringá.

A Usaçúcar – Usina Santa Terezinha –, citada por Olivera, tem capacidade de expedição diária de 14 mil toneladas de açúcar e outros quase três milhões de litros de álcool. Além da produção própria, a Usaçúcar beneficia a produção de outras empresas, como da própria Bunge, Cocamar, Coamo, Dreyfus e Seara, entre outras.

Em uma área de cerca de 300 mil m2 se encontram oito usinas e quatro moe-gas de açúcar, dois tanques de álcool e uma moega para outros grãos, como soja, milho e trigo. Boa parte do que sai de lá vai pela ferrovia até o PASA, terminal de exportação de açúcar no Porto de Paranaguá (PR), campeão de movimentação do produto na região Sul. Em 1997, ano de sua primeira exportação, a empresa vendeu cinco mil toneladas de açúcar ao exterior. Hoje, são 1,3 milhão de toneladas vendidas a países como Rússia, Algéria, Marrocos e Arábia Saudita. A estrutura ferroviária, além da maior eficiência e menor custo, evita piorar o problema que são os caminhões nas estradas e esperando em fila para entrar no porto.

Ainda na região metropolitana, no município vizinho de Sarandi, fica a CPA Armazéns Gerais, unidade de transbordo e consolidação da produção destinada aos mercados interno e externo. Instalado em uma área de 170 mil metros quadrados e com acesso às malhas ferroviária e rodoviária, o terminal tem capacidade para escoar 100 milhões de litros de etanol e 200 mil toneladas. “Mas podemos dobrar esse desempenho imediatamente, de acordo com a demanda”, afirma Ayrton Carlos Berg Jr., diretor Executivo da empresa.

Mais recente filial do Grupo CPA Trading, a planta conta com linhas diferentes para trabalhar quatro tipos de álcool sem contaminação, além de oito docas de carga e descarga que podem expedir 250 vagões em uma hora. “Hoje nós trabalhamos com álcool anidro e hidratado, mas estamos para receber a autorização para manipular também diesel e gasolina”, garante o executivo. Criado em 2003 a partir da necessidade das usinas e destilarias locais de álcool e açúcar unirem forças em busca de maior representatividade, o Grupo conta ainda com a CPA International Trading, criada em 2005 nas Ilhas Virgens, no Caribe, para facilitar o desembaraço da produção destinada à exportação.

www.maringa.pr.gov.br

www.all-logistica.com

www.usacucar.com.br

www.cpatrading.com.br

www.avenidafashion.com.br

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