Empresa lança também campanha de conscientização para motoristas
A Ryder do Brasil prepara a entrada em operação de uma frota própria composta por 75 cavalos mecânicos, de marca a ser definida nos próximos dias, conforme informou o presidente da empresa para o Brasil, Antônio Wrobleski (foto). Desde sua entrada no país em 1995, a operadora logística vem operando apenas com agregados, empresas que utilizam veículos e motoristas próprios e baús da Ryder.
Segundo Wroblesky, a iniciativa visa dar à empresa maior mobilidade para testar novas estratégias operacionais, visando principalmente a redução de custos e aumento da produtividade da frota. “Atualmente, embora o sistema funcione perfeitamente, como a frota não é nossa temos limitações para testar certas soluções, que não teremos com os veículos e motoristas próprios. Há várias estratégias operacionais que, embora não sejam novidades, ainda não foram testadas no Brasil”.
A frota, com cerca de 120 motoristas contratados diretamente pela Ryder, irá rodar na rota entre Brasil e Argentina no sistema drop and hook, em que o conjunto cavalo-carreta viaja até a fronteira e lá encontra outro conjunto vindo em sentido contrário. Na fronteira, as carretas são desengatadas e trocadas, com o cavalo retornando à origem e a carreta completando a viagem.
“Hoje – continua o presidente – nossa frota faz mensalmente cerca de 1.9 round trips (viagens ida e volta completas) por cavalo entre Brasil e Argentina, e o Sider faz cerca de 3,5 voltas completas. Queremos melhorar essa produtividade. Se considerarmos que, por baixo, um conjunto cavalo-carreta custa cerca de R$ 400 mil, é fundamental aumentarmos sua produtividade”, destaca. A entrada em operação dos veículos depende ainda do prazo de entrega das montadoras.
Estes 75 cavalos próprios farão parte da primeira fase de um projeto que durará 12 meses. Conforme os resultados atingidos, a Ryder poderá adquirir outros conjuntos, cancelar o projeto ou fazer mudanças e correções, para futuras tomadas de decisão. O presidente explica que, atualmente já existem em teste dois conjuntos rodando, um com cavalo VW Constelation e outro com um Mercedes-Benz 2240, mas que o teste não gera resultados suficientemente seguros para a tomada de decisões.
Com uma frota de mais de 170 mil veículos no mundo, a Ryder opera lá fora com distintas categorias de contratos, como o DCC – contrato dedicado com frota própria – FMS, Fleet Management System, em que a empresa aluga os cavalos com ou sem motoristas, e também com frota própria, que aliás é maior que a de agregados. No Brasil, a operação internacional é apenas no DCC. Na operação interna há ainda a modalidade Milk Run, para o abastecimento de linhas de montagem, hoje operando cerca de 750 equipamentos dedicados.
Wroblesky informa que, por ora, a operação das rotas nacionais não sofrerá alterações. “Vamos esperar a curva de aprendizado dessa primeira fase. O transporte é um negócio com margens muito limitadas, não podemos nos dar ao luxo de errar. Por isso teremos a fase dois, em que poderemos fazer ajustes no plano atual”.
O executivo não quis adiantar as metas operacionais desse projeto nem quanto vai investir ao todo. Só que são quantias vultosas, já que envolvem a própria compra dos cavalos e siders – que representam a maior fatia – tecnologia e contratação e treinamento de motoristas, entre outros itens.
Além dos veículos próprios, a empresa também negocia a compra de entre 75 e 80 cavalos mecânicos para reposição na frota dos agregados. A Ryder faz a negociação por eles, que ficam responsáveis pelo pagamento, operação e contratação de motoristas. Wroblesky explica que, embora os agregados possam prestar serviços para outras empresas, os conjuntos na operação da Ryder são dedicados. Ele adianta que as experiências e resultados desse projeto serão divididos com os transportadores agregados, funcionando como um benchmark para que possam adotar as soluções em seu negócio.
Ele afirma estar havendo uma paulatina mudança na cultura do mercado brasileiro, que passa a olhar o transporte além dos custos. “Hoje, o cliente já olha a qualidade da operação, se tem rastreamento, controle, se os veículos são novos, e o que nós podemos agregar na operação dele. Ele sabe que terá que pagar a mais por isso e, embora a busca de custos menores seja uma constante, o cliente já entende melhor que qualidade tem custo”, afirma o presidente, colocando que, mesmo assim, a Ryder sabe que existe um limite para isso e que a redução de custos e aumento de produtividade deve ser uma busca constante de sua parte. “Temos concorrentes muito bons no Brasil”, brinca.
Campanha de conscientização
A Ryder do Brasil apresentou ontem, em São Paulo, seu novo programa de conscientização voltado aos motoristas de seus agregados no Brasil e Argentina. A campanha “O Bom da Estrada” vai até o final do ano e, por meio de um pacote de benefícios para os motoristas, implementará uma série de ações de conscientização para a prevenção de acidentes, promoção da cidadania, saúde e treinamentos de qualidade de atendimento ao cliente.
Mais de 400 motoristas trabalham para a Ryder, em cerca de 80 agregados. O principal objetivo é reduzir o número de acidentes e trazer economia de combustível, além de – segundo a empresa – colaborar para o bem estar dos motoristas.
Em 2006, apesar de ter percorrido uma quilometragem maior em relação a 2005 (51 mil km no ano passado contra 40 mil km no ano anterior), a Ryder teve o número de acidentes reduzidos de 29 para 27, sem nenhum afastamento registrado. Apesar das péssimas condições das estradas brasileiras, o maior número de ocorrências é na Argentina, com tombamentos causados pela falta de acostamento nas estradas locais.
De acordo com Luis Fernando Vasques Quintana, gerente de Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Patrimônio da Ryder, apenas o respeito ao limite de 80 km/h nas estradas traria uma economia de combustível entre 10% e 20% aos agregados.
Entre os itens atendidos pelo programa estão a direção econômica e defensiva, legislação e transporte internacional – já que a rota é binacional – manutenção de veículos e direção sob condições atípicas. Na área de capacitação, são colocados itens como qualidade no atendimento ao cliente, relacionamento humano, supervisão de carga, legislação aduaneira e parceria cliente-fornecedor.
A campanha utiliza linguagem simples, passada por meio de folders, informativos e gibis. Serão utilizados também CDs contendo músicas e, entre elas, dicas de segurança, saúde e capacitação. A Ryder conta com três patrocinadores para o programa – Scania, Randon e Michelin. Para incentivar a participação, haverá um concurso que premiará os motoristas mais empenhados e que atingirem mais metas. Entre os critérios avaliados estão a participação nas campanhas de saúde, quantidade de multas no período, ocorrências de trânsito e avaliação de clientes e da companhia, entre outros.