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Infraestrutura logística pode limitar aumento das exportações brasileiras durante guerra comercial entre EUA e China

Capacidade de escoamento do país já opera no limite, impactando possíveis ganhos com nova disputa comercial
Por Redação em 11 de março de 2025 às 7h54
Infraestrutura logística pode limitar aumento das exportações brasileiras durante guerra comercial entre EUA e China
Foto: Divulgação/Log-In
Foto: Divulgação/Log-In

A imposição de novas tarifas pela China sobre produtos agrícolas dos Estados Unidos reacende a guerra comercial entre os dois países, mas o Brasil, diferentemente de 2018, pode não se beneficiar de um aumento significativo na demanda chinesa devido a restrições logísticas.

As novas tarifas chinesas, que variam entre 10% e 15%, foram implementadas em resposta ao aumento das taxas de importação promovido pelo governo de Donald Trump, que elevou a alíquota de 10% para 20%.

O país já opera próximo ao limite logístico, exportando até 15 milhões de toneladas por mês, dividindo a infraestrutura portuária entre os produtos como soja, carnes, açúcar e milho. Atualmente, a previsão para exportação de soja está entre 103 e 104 milhões de toneladas no ciclo 2024/25 e não há viabilidade logística para elevar esse volume para 108 ou 110 milhões de toneladas.

Em janeiro deste ano, a Tecnologística já havia publicado que o Brasil enfrenta um déficit significativo na capacidade de armazenagem para a safra recorde de grãos estimada em 322,4 milhões de toneladas para 2024/25. A capacidade atual, de 222,3 milhões de toneladas, cobre apenas 69% da produção esperada, conforme dados do IBGE.

A infraestrutura de transporte enfrenta gargalos em regiões produtoras como o Mato Grosso, onde caminhões ficam parados nos portos devido a limitações em Miritituba, Santarém e Barcarena. A restrição sobrecarrega portos do Sudeste e do Sul, elevando os custos de frete, que chegaram a R$ 520 por tonelada para Santos. Além disso, há escassez de caminhões e espaço logístico, dificultando um aumento expressivo no transporte da safra.

Nos portos, a capacidade de embarque também apresenta limitações, especialmente com o início das exportações de milho nos próximos meses, que aumenta a demanda pelo transporte de grãos. "Outro fator crítico é a falta de capacidade dos terminais de contêineres, que são essenciais para diversificação das exportações. O terminal de Paranaguá, por exemplo, só conseguiu expandir suas operações após investimentos da CMPort, mostrando que o gargalo logístico brasileiro só poderá ser solucionado com investimentos contínuos e de longo prazo", explica Delara.

A expansão da produção agrícola no Brasil esbarra nessas limitações, e a resolução do problema dependeria de investimentos em infraestrutura portuária e transporte. Com a capacidade de exportação limitada, o impacto da nova guerra comercial entre China e EUA deve ser mais restrito, refletindo-se nas quedas recentes nas cotações da soja, farelo e milho.

Infraestrutura logística pode limitar aumento das exportações brasileiras durante guerra comercial entre EUA e China

Primeira guerra comercial foi marcada por oscilações nos preços

Durante a disputa de 2018, o governo dos Estados Unidos impôs uma tarifa de 25% sobre a China, o que levou a uma queda de 21,5% nos preços da soja na Bolsa de Chicago. No Brasil, os preços da commodity ficaram cerca de 10,5% mais baixos do que antes do conflito, enquanto em Chicago o bushel da soja chegou a ser negociado a US$ 8,50.

Os preços voltaram a subir no segundo semestre de 2020, quando a China retomou suas compras, impulsionando as exportações dos EUA e elevando os preços a níveis recordes. No atual cenário, a expectativa é de ajustes nos valores das commodities, mas sem uma volatilidade tão intensa quanto a observada no conflito anterior.

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