Um dia após a tragédia, os olhos da economia global se voltam para os Estados Unidos, já que o porto afetado é agora o mais importante no território americano. Sem operação, pode-se desencadear uma crise global estimada em US$ 600 milhões. Para o agronegócio brasileiro, o maior impacto deve ser sentido no setor de açúcar.
Segundo Larry Carvalho, advogado especialista em logística marítima, a queda da ponte já torna os terminais inviáveis e os próximos dias serão marcados pela definição de novas rotas. "O maior impacto para o agronegócio brasileiro vai depender de um possível aumento nos fretes marítimos, o que será determinado pelos próximos dias. Os armadores estão retirando Baltimore de suas rotas, e os Estados Unidos terão que compensar a logística interna, o que pode resultar em congestionamentos de portos e novos gargalos", afirma.
O principal produto da cesta brasileira afetado é o açúcar. Baltimore é o principal porto importador de açúcar do Brasil, onde estão localizadas as principais refinarias dos Estados Unidos. "Sem dúvida, é uma situação que pode impactar a situação do açúcar brasileiro. Precisamos saber como será a logística utilizada para que esse açúcar continue chegando", afirma Carvalho.
Além do açúcar, produtos como café e piso cerâmico exportados pelo Brasil podem sentir os impactos nas próximas semanas. O cenário está sendo monitorado por todo o setor exportador do Brasil.
A grande preocupação do setor é que os desafios com a queda da ponte de 2,6 quilômetros de extensão podem durar semanas. De acordo com dados da Bloomberg Línea, aproximadamente 2,5 milhões de toneladas de carvão são afetadas. A indústria automobilística também deverá sentir os impactos da interrupção.
"É um porto grande com muito fluxo, então terá impacto", disse John Lawler, diretor financeiro da Ford, em entrevista cedida à Bloomberg TV e posteriormente publicada pela Bloomberg Línea. "Vamos trabalhar em soluções alternativas. Teremos que desviar peças para outros portos ao longo da costa leste ou em outras partes do país", disse.
A publicação destaca ainda que pelo menos 12 grandes navios estão presos no local. A infraestrutura da cidade também sente os impactos de forma severa, já que aproximadamente 4 mil pessoas passavam pela ponte diariamente. Até o momento, o tráfego está sendo direcionado para outros portos na Costa Leste Americana. Segundo a Investing, o porto de Virgínia confirmou estar apto para receber a carga direcionada.