O governador Serra defende a estadualização administrativa, o ministro Brito divulga ações do governo e o empresariado cobra as iniciativas
O governador do estado de São Paulo, José Serra, defendeu ontem, durante a abertura do Santos Export – Fórum Nacional para Expansão do Porto de Santos, a estadualização administrativa do terminal santista. Segundo ele, o Porto de Santos não recebe o mesmo nível de investimentos que outros portos brasileiros. “O governo federal não aceitou nossa proposta e, apesar de divergir do formato atual de administração, estamos dispostos a ajudar”, afirma.
O governador destacou algumas ações prioritárias que devem ser tomadas de imediato, como a articulação de todos os agentes envolvidos na operação portuária, a construção de um anel viário dentro do porto, o túnel ligando a margem direita à esquerda e investimentos na melhoria do estacionamento.
A Companhia Docas do estado de São Paulo (Codesp) também foi alvo do governador. Para ele, faltam recursos para a realização de investimentos devido ao montante de passivos existentes. Outra solução é proposta pela autoridade estadual. “A dívida da Docas deve ser incorporada ao tesouro nacional”, propõe.
Já o prefeito de Santos, João Paulo Tavares Papa, é contra a regionalização administrativa da Codesp. Na sua opinião, este é um tema a ser tratado no futuro. “Todos conhecem os problemas do porto e cada agente sabe de sua responsabilidade”, ressalta.
Presente à abertura do evento, o secretário Nacional de Portos, ministro Pedro Brito, divulgou algumas iniciativas, dentre os quais destaca-se o aprofundamento do calado, de 12 para 15 metros, e o alargamento do canal, de 220 para 250 metros. Outra medida recente foi a profissionalização do comando das companhias docas, geridas, agora, por pessoal especializado.
O ministro divulgou que R$ 322 milhões serão empenhados apenas em melhorias para o Porto de Santos. Entre as obras, Brito destaca o aumento do calado, de 12 para 15 metros e o alargamento do canal de 220 para 250 metros. “Estamos aguardando licenças ambientais, mas creio que iniciaremos as obras no final do primeiro semestre de 2008 e as concluiremos em 2010”, diz.
Pedro Brito garante que as obras são fundamentais para tornar o Porto de Santos um terminal concentrador, deixando para a cabotagem o trabalho de distribuição para outros locais do país. Atualmente, lembra, “os navios saem de Santos e param por diversos portos brasileiros”.
Debate
O primeiro dia do evento foi marcado por uma mesa redonda, ocasião em que o ministro Brito anunciou a contratação de uma consultoria internacional para realizar um plano diretor para os portos brasileiros. Algumas diretrizes já estão em discussão, como a definição de quais serão os outros portos concentradores, a implantação de um modelo de gestão que busque resultados, o aprimoramento dos marcos regulatórios e os investimentos na infra-estrutura e a modernização portuária. Além disso, estão previstos também a implantação de sistemas de gestão e controle e a criação do Centro Integrado de Negócios e Logística (Cinel).
O presidente da Associação Nacional de Agronegócio (Abag), Carlo Lovatelli, aproveitou o evento para cobrar a redução nos custos da operação portuária, possível, de acordo com ele, apenas se o porto ser tornar eficiente. “Temos que fazer com que Santos tenha fácil acesso e seja rápido no recebimento e expedição das mercadorias”, salienta.
O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, foi além. Segundo ele, as empresas do segmento são favoráveis à privatização dos portos. “Assim teremos planejamento de longo prazo. No governo, o tempo está restrito às próximas eleições”, frisa.
Já o presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), Wilem Manteli, dividiu a responsabilidade. De acordo com ele, “todos os agentes de cargas envolvidos na operação, governos federal e estadual, além da iniciativa privada, são culpados pela ineficiência portuária”. O executivo também se diz contra a estadualização administrativa. Isso porque, acredita, que a cada nova eleição o formato administrativo do porto será modificado.
Para Manteli, a saída é pensar na gestão portuária sob uma ótica empresarial. “Os administradores devem ser empreendedores e ter compromisso com o local em que trabalha”, resume.