Navio “Independente” foi desviado de outra operação para ajudar a normalizar o fluxo de exportação e importação
A partir do primeiro sábado de dezembro, a Aliança Navegação e Logística – pertencente ao grupo Hamburg Süd – estréia um serviço expresso que criará uma “ponte marítima entre Itajaí (SC) e Santos (SP)”, nas palavras de Wilson Roque, gerente da empresa no estado. A princípio temporária, a nova rota foi criada para ajudar a normalizar o fluxo brasileiro de exportação e importação, prejudicado devido às enchentes que atingiram Santa Catarina. O navio “Independente” foi desviado da linha Santos – Sepetiba – Vitória – Suape, para transferir para o porto paulista a carga que está acumulada em decorrência da catástrofe.
“Só de carga parada da Hamburg Süd e da Aliança, são 25 mil toneladas. A maioria de produtos de grandes empresas como Sadia e Perdigão. O transporte desse montante para Santos exige pelo menos três viagens neste navio, mas estamos oferecendo o serviço para quaisquer armadores que precisarem, em escalas regulares e duas saídas semanais com transit time de um dia”, explica o executivo, acrescentando que “essa rota pode até se tornar permanente se houver receptividade por parte do mercado”.
Condições
A carga começou a se acumular nos portos de Itajaí e Navegantes cerca de dois meses antes do fechamento total do rio Itajaí-Açu, ocorrido no dia 19 de novembro. “Desde que as chuvas fortes começaram a cair sobre o estado, a barra do rio vinha fechando um ou dois dias por semana. Os carregamentos que chegavam nesses dias, e cujos navios tinham de seguir viagem, começaram a ficar parados no porto”, relembra Roque.
Agora, com a reabertura dos portos, é hora de escoar esses produtos, mesmo que isso signifique multiplicar os custos. “Cada contêiner desses vai custar pelo menos três vezes mais, devido à necessidade de movimentação extra”, calcula o gerente da Aliança, em Santa Catarina.
O navio destinado a transferir o carregamento parado para Santos tem capacidade normal para 1.156 TEUs, mas terá de trabalhar com lotação reduzida. “O calado máximo está em pouco mais de sete metros atualmente, o que nos permite carregar cerca de oito mil toneladas no ‘Independente’, ou aproximadamente 400 contêires”, afirma o executivo.
Solidariedade
A catástrofe atingiu diversas cidades catarinenses matando mais de uma centena de pessoas e deixando milhares de famílias desabrigadas, segundo dados oficiais. Agora que o pior parece já ter passado, cidadãos e empresas se unem em torno dos esforços de reconstrução, ajudando como podem. “A primeira viagem da alemã Hamburg Süd – do mesmo grupo da Aliança – para o Brasil, foi justamente para trazer imigrantes para Santa Catarina”, conta Roque, justificando a identificação especial entre a armadora e o estado.
“Nós estamos fazendo a nossa parte, colaborando no que é possível, e não poderia ser diferente”, garante, afirmando que até agora a companhia já cedeu à Defesa Civil local dez contêineres para carga seca e mais dois frigorificados, para ajudar a secretaria a conservar as doações enquanto aguardam a distribuição.