Setor ferroviário cresce acima do PIB

O aumento da produção e investimentos de concessionárias confirmam um resultado 8,6% maior no primeiro semestre

A 11ª edição da Feira Negócios nos Trilhos, realizada entre 04 e 06 de novembro de 2008,  no espaço de exposições Expo Center Norte, em São Paulo, foi um bom termômetro para aferir os ânimos das indústrias do segmento ferroviário. O evento contou com a participação de cerca de 160 empresas do país e do exterior e recebeu a visita de mais de seis mil profissionais de operadoras, fornecedores, empresas de logística, consultores e especialistas.

Entre os expositores presentes, representantes da indústria de equipamentos, tecnologia e soluções para o setor, o clima era de boas expectativas – até porque o modal ferroviário saiu há pouco tempo de uma fase de marasmo e agora está tudo por fazer. Afora as promessas de inversões do governo no setor, da possibilidade de expansão da malha por concessionárias e do aquecimento da indústria todos seguem com seus projetos.

De acordo com a  ANTF - Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários a produção ferroviária brasileira cresceu 8,6% no primeiro semestre de 2008, comparada ao mesmo período do ano passado – índice superior ao PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Isso porque o modal está passando por fase de forte incremento – afirmação referendada pelas concessionárias de ferrovias, operadas pelas empresas associadas à entidade. Nos seis primeiros meses do ano, o volume de carga transportada chegou a 229 milhões de TU (tonelada útil), crescimento de 10,2% em relação ao mesmo período do ano passado. A previsão da entidade é de que, no acumulado do ano, o volume alcançado atinja 494 milhões de TU – 11% a mais do que 2007.

Segundo Rodrigo Vilaça, diretor-executivo da ANTF, há fortes indicadores do desempenho do setor, além do incremento da produção. “Existem dois fatores primordiais para simbolizar esse crescimento: a expansão da demanda por transporte ferroviário e os investimentos feitos pelas concessionárias”, enfatiza. No primeiro semestre deste ano, a produção foi de 131,9 bilhões de TKU (toneladas por quilômetro útil), em oposição a 121,4 bilhões, do mesmo período do ano anterior – diferença percentual de 8,6%.

O setor de minérios e carvão mineral  foi responsável por 79% do volume produzido no primeiro semestre, seguido pelas cargas em geral com 21%. A estimativa de Vilaça é a de que a produção do transporte ferroviário de cargas atinja 280 bilhões de TKU até o final do ano, um percentual 9% maior do que em 2007.

Apostando no potencial de crescimento do setor, Vilaça ressalta que, para não haver gargalos, o Governo Federal precisa “dar mais atenção às ferrovias”. O alerta se justifica pelos indicadores de acidentes de trens que, mesmo tendo reduzido, ainda precisa melhorar. Foram registrados 12,98 acidentes por milhão de trens.km neste ano (1º semestre), sendo que, no ano passado, no mesmo quesito foi registrado 14,39 – os padrões de referência internacionais situam-se entre 8 e 13 acidentes por milhão de trens.km. Mesmo assim, se computados os dados desde o final dos anos 90, quando começou a privatização do sistema ferroviário, o índice caiu em mais de 80%.

Os resultados e as boas perspectivas do mercado reforçam a decisão do segmento de dar continuidade aos investimentos futuros. Somente em 2008 serão aplicados R$ 2,5 bilhões na modernização e expansão do setor.  Até 2015, mais R$ 30 bilhões já estão projetados. “Temos um horizonte de crescimento pela frente, mas o grande desafio é a manutenção e a ampliação da malha”, comenta Vilaça.

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