Lentidão governamental, eficiência empresarial
Quatro terminais públicos aguardam verbas para melhorar a infra-estrutura, enquanto o porto privativo prima pela eficiência e rapidez na tomada de decisões
A General Motors do Brasil deu prosseguimento, entre os dias 8 e 12 de setembro, ao projeto denominado Flexpedition – Portos Abertos. O evento marca os cem anos de atuação da companhia no Brasil e os 200 anos da abertura dos portos brasileiros às nações amigas. Nesta quarta etapa, a equipe de “expedicionários” visitou os portos de Vitória e Barra do Riacho, no Espírito Santo, e Ilhéus, Aratu e Salvador, na Bahia. Enquanto os portos públicos aguardam verbas do Governo Federal e buscam novos nichos de atuação, o privado se destaca pela eficiência, rapidez na tomada de decisões e colocação das ações em prática.
A primeira parada foi no Porto de Vitória, terminal que, agora, aposta suas fichas na atividade offshore. A operação exigirá qualidade de serviço nas áreas de embarque, com a instalação de tanques e áreas com piso reforçado, uma vez que são manipulados equipamentos, peças e granéis líquidos, itens primordiais para o funcionamento das plataformas de petróleo e gás. Os investimentos nesta infra-estrutura serão de responsabilidade da iniciativa privada.
Há três anos já opera no terminal capixaba um terminal privativo especializado no setor. De propriedade da Companhia Portuária de Vila Velha (CPVV) – empresa do Grupo Coimex – o local conta com 200 metros de cais, o que permite o recebimento de até quatro navios suppliers, utilizados no transporte de produtos às plataformas. Na época, R$ 20 milhões foram destinados à construção. Outros R$ 20 milhões serão aplicados para dobrar a capacidade operacional.
Em 2010, o offshore deverá representar 40% da receita da Codesa – Companhia Docas do Espírito Santo – , estimada em R$ 85 milhões. Para este ano, a meta é obter receita de R$ 70 milhões.
Ainda no Espírito Santo, a expedição conferiu a estrutura e a operação do Portocel, porto privado que opera numa área sob concessão dentro do Porto de Barra do Riacho, no município de Aracruz.
O Porto hoje ocupa uma área total de 500 mil metros quadrados e possui três berços, 700 metros de cais, profundidade de 10,30 metros sem a utilização da maré e um total de 56.800 metros quadrados de armazéns, com capacidade estática para 223.552 toneladas de celulose. Trata-se do maior terminal especializado na manipulação de celulose no mundo, 70% das exportações de celulose do Brasil passam pelo Portocel, que se caracteriza por ser um porto final. Em 2007, o local embarcou 4,5 milhões de toneladas de celulose. Para este ano, a expectativa é embarcar 5,5 milhões de toneladas e, em 2009, 6,2 milhões de toneladas.
Existem várias ações programadas para o Portocel, que exigirão investimento total de US$ 244 milhões. Depois de concluídas as obras de Portocel I e Portocel II, o terminal poderá movimentar 17 milhões de toneladas de celulose por ano. Além disso, abre a possibilidade de prospectar clientes de outros segmentos e ampliar a movimentação dos setores que hoje operam de forma spot no terminal.
Bahia
Primeiro porto a ser visitado no estado da Bahia, Ilhéus se caracteriza por ter sido construído em mar aberto no final da década de 1960, com o início das operações em 1971. Ilhéus foi concebido para atender à exportação de cacau da região. Hoje, opera também soja, milho e minérios – manganês e óxido de magnésio. Em média, o porto movimenta um milhão de toneladas ano, sendo 600 mil toneladas apenas de minérios, em seus dois berços, com profundidade de dez metros.
O terminal também possui obras previstas, como o reforço da contenção do aterro hidráulico para permitir aprofundamento para 14 metros, com investimentos de R$ 12 milhões, previstos pelo Plano de Aceleração do crescimento (PAC), que será concluído em dezembro deste ano.
O atendimento às plataformas de exploração de combustível também faz parte do escopo do porto, onde atividade offshore começou em julho deste ano, mês em que a Petrobrás iniciou a operação em duas plataformas, uma 40 quilômetros ao norte de Ilhéus e outra sete quilômetros a leste.
No Porto de Aratu, localizado no município de Candeias, a equipe de “expedicionários” verificou a operação de um terminal especializado na operação de granéis – nafta, concentrado de cobre, fertilizantes, carvão mineral, enxofre, gasolina e petroquímicos. São quatro terminais: produtos gasosos (TPG); granéis líquidos (TGL); e dois para granéis sólidos (TGS). Em 2007, Aratu movimentou 6,7 milhões de toneladas, contra 5,3 milhões em 2006. Para 2008, a expectativa é manipular 7,4 milhões; em 2009, 8,1 milhões e 8,9 milhões em 2010. Cerca de 54% da movimentação são de granéis líquidos, 36% de sólidos e 10% de gasosos.
No Porto de Salvador, assim como em outros terminais localizados na área urbana, como Santos (SP) e Rio de Janeiro, os desafios são adequar a infra-estrutura – com a ampliação das instalações para contêineres – e solucionar os problemas de acesso, aquaviário e terrestre.
Para acabar com o compartilhamento de tráfego urbano e de cargas do porto, uma via de 12 quilômetros, denominada Via Expressa Portuária, será construída e ligará o porto à BR 324. O investimento é de R$ 380 milhões, provenientes do PAC. A licitação já está em curso, mas o início das obras e a conclusão não foram definidos.
Paralelamente aos programas de acesso, a autoridade portuária realiza um estudo de viabilidade para ampliar as instalações operacionais de contêineres. O investimento calculado é de R$ 230 milhões, realizado pela iniciativa privada.
Fábio Penteado
Leia a matéria completa sobre a expedição na edição de outubro da Revista Tecnologística