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Transporte ferroviário cresce no Brasil

Por Redação em 27 de novembro de 2006 às 17h20 (atualizado em 27/04/2011 às 18h28)

Expectativa é de que a ferrovia atinja, até o final do ano 237,7 bilhões de TKUs, crescimento de 7,1% em relação a 2005

O transporte ferroviário no Brasil vem mantendo, em 2006, o ritmo de crescimento, cenário apresentado desde a desestatização das ferrovias em 1997. No terceiro trimestre deste ano, o acumulado da produção nacional foi de 178,3 bilhões de TKUs (toneladas quilômetro útil transportadas). Mantendo-se a média de 59,4 bilhões por trimestre, estima-se que o total transportado pela ferrovia atingirá 237,7 bilhões de TKUs até o final do ano, crescendo 7,1% em relação a 2005 e 73% se comparada a 1997.

Até o mês de setembro, o volume de carga geral transportada foi de 46,3 bilhões de TKUs. Baseando-se na média por trimestre, a expectativa para o final do ano é um total 61,7 bilhões de TKUs, o que representará um crescimento de 9,6% em relação ao ano passado e de 103% frente a 1997.

O transporte de minérios e carvão mineral também continua crescendo. O acumulado no terceiro trimestre de 2006 foi de 132 bilhões de TKUs, tendo como expectativa um total de 176 bilhões de TKUs ao final do ano. Este índice corresponderia a um aumento de 6,3% em relação a 2005 e de 65,1% se comparado a 1997.

A entrada de capital da iniciativa privada foi um dos fatores que contribuíram para a retomada dos investimentos nas ferrovias brasileiras. De 1997 a setembro deste ano, os investimentos feitos pelas concessionárias na malha totalizam R$ 11,4 bilhões, enquanto a União investiu R$ 500 milhões no mesmo período. Nos primeiros nove meses de 2006 foi investido R$ 1,7 milhão pela iniciativa privada e, até o final do ano, está prevista a aplicação de recursos na ordem de R$ 2,3 milhões.

A redução de acidentes e o lucro nas operações são outros benefícios trazidos pelos investimentos da iniciativa privada. No período compreendido entre 1997 e 2005, houve uma redução de 56% nos índices de acidentes. Até o terceiro trimestre de 2006, foram registrados 23 acidentes por milhão de trens quilômetro. Mantendo-se este índice até o final do ano, a redução será de 69% em relação a 1997, quando o número era de 75,5 acidentes por milhão de trens quilômetro.

Os prejuízos também foram eliminados. Até 1997, a Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA) acumulava prejuízo de R$ 2,2 bilhões. Este número negativo, anterior à desestatização, foi substituído por um resultado positivo. As empresas transportadoras já contribuíram, de 1997 a 2005, a título de concessão, arrendamento, CIDE e impostos, com um total de R$ 5,6 bilhões para os cofres públicos.

Oportunidades

A oferta de empregos diretos e indiretos no setor também apresenta aumento. Até setembro, foi verificado um crescimento de 37% em relação a dezembro de 2005. Somente no terceiro trimestre deste ano, foram gerados 31.566 postos de trabalho, quase o dobro do registrado em 1997, quando 16.662 profissionais ingressaram no segmento.

Apesar da oferta, as constantes inovações tecnológicas nas ferrovias provocaram, nos últimos anos, uma mudança no perfil do profissional necessário para o setor. Segundo o diretor-executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Rodrigo Vilaça, para atender à crescente demanda por mão-de-obra especializada é preciso capacitar profissionais no ensino básico, médio e superior.

Para o executivo, é fundamental a especialização a fim de tornar as pessoas aptas a operar, por exemplo, como maquinistas, auxiliares de maquinista e manobristas. Além disso, o estudo pode preparar profissionais para desenvolverem atividades nas diversas áreas que integram a cadeia logística das empresas. Firmar parceiras entre a companhias e instituições de ensino, promovendo a troca de tecnologia para formar instrutores, incluir nos currículos escolares oficiais as matérias relacionadas à ferrovia e propor às universidades a extensão da cadeira de engenharia ferroviária são outras iniciativas ressaltadas por Vilaça.

Intermodalidade

O transporte intermodal também cresceu nas ferrovias brasileiras em 2006. De janeiro a setembro, a movimentação de contêineres foi de 153.938 TEUs (unidade equivalente a contêineres de vinte pés). Para o final do ano, estima-se um total de 205.250 TEUs, isso se a média de 51.312 TEUs por trimestre se mantiver. Esse total representará um crescimento de 8,2% frente a 2005.

Para Vilaça, o crescimento da intermodalidade é fundamental para melhorar a utilização da infra-estrutura no Brasil, permitindo que os produtos sejam escoados com mais segurança, economia e agilidade. Segundo ele, o uso integrado da infra-estrutura reduzirá o custo Brasil, além de diminuir o consumo de energia e os impactos ambientais.

Na opinião do diretor, a malha ferroviária precisa se expandir de forma integrada e com os diversos modos de transporte, por meio de um sistema de corredores logísticos de exportação que considere todas as cinco regiões do país. “Para possibilitar um escoamento mais eficiente de produtos minerais, industriais e agropecuários é indispensável a implantação do programa de expansão, com recursos públicos no Orçamento da União e mediante a concretização de Parcerias Público-Privadas”, afirma.

Desafios

Apesar de o setor apresentar índices cada vez mais concretos de crescimento, ainda há gargalos físicos e operacionais para que as metas do setor, estabelecidas pelo governo Federal, sejam alcançadas. Há pontos crônicos de estrangulamento onde a falta de investimentos em infra-estrutura reflete problemas que precisam ser equacionados.

Alguns merecem atenção. Há gargalos principalmente em áreas urbanas, ocorrendo conflitos do tráfego ferroviário com veículos e pedestres. Foram identificadas 434 invasões na faixa de domínio das ferrovias e existem 2.503 passagens em nível críticas – de um total de 12.400 ao longo das ferrovias no país.

Dados divulgados pela ANTF mostram que estes e outros gargalos reduzem a velocidade média dos trens de 40km/h para 5 km/h, principalmente nas áreas urbanas. Para a entidade, a solução dos problemas, e a conseqüente melhora na produtividade, ocorrerá quando o governo federal aplicar recursos públicos nesses entraves, em conjunto com os investimentos da iniciativa privada.

www.antf.org.br

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