A Cone, fornecedora de estruturas logísticas com sede em Recife, prepara mais um condomínio, desta vez no Norte de Pernambuco, na cidade de Goiana, onde também se localiza a nova fábrica da Fiat Chrysler Automobile (FCA). A empresa já opera o Cone Suape, localizado na cidade de Cabo de Santo Agostinho, na zona de influência do Porto de Suape, e prevê para o final do ano a entrega das primeiras unidades do Cone Aratu, em Simões Filho, próximo a Salvador.
Segundo o diretor de Negócios da empresa, Fernando Perez, o novo empreendimento tem prazo de desenvolvimento de dois anos e visa atender primeiramente a demanda da montadora e, posteriormente, dos fornecedores de partes e peças que irão se instalar no local, além de servir aos polos farmacêutico e vidreiro, também existentes na região. “Num primeiro momento, a demanda maior será por conta da fábrica e a cadeia automotiva será criada aos poucos. Mas existem outras demandas na região. A economia lá está em ebulição com os polos que estão surgindo”, conta Perez. A planta, que será inaugurada na próxima terça-feira, 28 de abril, será uma das maiores da montadora no mundo e irá produzir o modelo Jeep Renegade.
Perez revela que o novo condomínio terá área total de cerca de 700 mil m², com área construída de 280 mil m2. “A intenção é replicar em Goiana a estratégia aplicada no Cone Suape, com infraestrutura tanto para logística como para a indústria e serviços. A ideia é termos futuramente hotel, lojas, áreas médicas e de serviços em geral, para que as pessoas que trabalham lá tenham uma estrutura completa à sua disposição”, diz o diretor.
Segundo ele, isto é fundamental para criar uma base adequada ao crescimento da região, para que não se repita o que ocorre no Polo de Suape, onde há crescimento, geração de empregos e demanda, mas não há moradias nem serviços adequados. “Tanto que muitas pessoas que trabalham na região têm de se deslocar de Recife ou até mesmo de João Pessoa, pois as cidades próximas não têm condição de abrigar todo mundo. Além disso, as novas oportunidades de emprego geram o crescimento do poder aquisitivo, que traz novas demandas por moradias e serviços de melhor nivel”, ressalta.
Para dar suporte a estas demandas, a Cone está construindo, dentro da área de influência do Cone Suape, uma cidade planejada, a Convida, que terá vários tipos de moradia e estrutura completa, incluindo escolas e até uma unidade da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Perez informa que já foram obtidos todos os licenciamentos para o início da construção e as obras de terraplanagem estão sendo feitas. “Já temos negócios fechados com construtoras parceiras, como a própria Moura Dubeux – do grupo controlador da Cone – e a MRV. Acredito que, dentro de dois anos, já tenhamos as primeiras moradias”.
Já o Cone Aratu, com área total de 3,3 milhões de m², sendo 1,2 mil m2 na primeira fase, tem as primeiras entregas previstas para o final deste ano. Perez conta que o condomínio baiano encontra-se no início da fase de investimentos pesados de estruturas e acesso viário, água, energia elétrica, telefonia e telecomunicações. “A região de Salvador é outro exemplo do potencial do Nordeste, pois é uma metrópole de cerca de 3 milhões de habitantes e, antes do Cone Aratu, não tinha um só condomínio logístico”, ressalta Perez.
Ele lembra que todos os investimentos na infraestrutura dos empreendimentos são feitos pela própria empresa. “No Cone Suape, inclusive, estamos construindo outra subestação de energia para atender ao complexo, porque a Celpe – Companhia Energética de Pernambuco – não tinha como atender o crescimento da demanda”.
O diretor revela que a previsão de investimento da empresa para 2015 é de R$ 160 milhões nas estruturas logísticas, sem contar o Convida. De acordo com ele, Pernambuco e o Nordeste de um modo geral ainda não sentem a crise de forma tão aguda, pois baseiam seu crescimento no consumo, que continua em alta, ao contrário do Sul e do Sudeste, que são mais dependentes da indústria.
Mas, de acordo com ele, mesmo ainda não tão presente, a crise já gera uma mudança positiva nos negócios da Cone, já que as empresas têm de buscar otimização e redução de custos logísticos, o que passa por armazéns de melhor qualidade. “E, se considerarmos os galpões, estruturas logística ou indústrias leves, os condomínios ainda representam um percentual de participação muito pequeno, então há ainda muito potencial. Hoje, quem opera em instalações não eficientes já começa a ter um custo mais alto. Porque o perfil da atividade mudou; atualmente, ela é muito mais de movimentação, de giro, do que de armazenagem, e isso exige outro padrão de estrutura logística”, ressalta. “Além disso os clientes estão mais exigentes: querem padrão alto, com climatização, proteção contra a poeira, armazéns verdes e por aí vai. Tudo isso nos traz vantagens competitivas”.
Perez conta que, do segundo semestre de 2014 para cá, sentiu uma mudança no perfil de clientes, que antes eram, em sua maioria, grandes empresas. Agora há um aumento das médias e pequenas. “Os clientes que operavam áreas de 2 a 3 mil m2 começaram a se preocupar com otimização, com redução de custos, porque é a única forma de sobreviver”, afirma. “Isto de certa forma nos compensou, não apenas em termos de volume, mas também porque traz uma pulverizaçao maior, a possibilidade de termos operações diferentes, de produtos diferentes e forma de operar diferentes em nossas plataformas”, complementa.
Outro fator fundamental, segundo o diretor, é a localização das unidades. “Não dá mais para operar dentro das grandes cidades, mas ao mesmo tempo é preciso ter acesso facilitado a elas. Então nossas áreas trazem muitas vantagens para os usuários, pois ficam estrategicamente localizadas em relação aos grandes centros”.