A Maersk está ampliando suas operações na América Latina com foco na modernização da cadeia de frio, incorporando a plataforma Captain Peter aos seus contêineres refrigerados para monitoramento em tempo real das condições de transporte de produtos sensíveis à temperatura. Esse movimento visa atender a crescente demanda do setor logístico latino-americano, que inclui exportações de carnes, frutas, legumes, flores, laticínios, frutos do mar e produtos farmacêuticos.
Segundo Ryo Aranda, diretor de Cadeia de Frio & Produtos Químicos da Maersk, o desafio central está em garantir uma cadeia de frio eficiente e sustentável para atender ao mercado consumidor. “A volatilidade dos custos exige uma cadeia de suprimentos rentável, confiável e adaptável a mudanças. A robustez dessa cadeia, junto com plataformas de visibilidade e ações preventivas, é crucial para evitar sobrecustos e melhorar a confiabilidade”, explica Aranda. Além disso, o executivo ressalta a importância de modernizar a infraestrutura e de capacitar fornecedores, promovendo uma integração que proporcione transparência e rastreabilidade.
A indústria agrícola no México, por exemplo, destaca-se pelo uso intensivo da cadeia de frio, com uma produção que supera 290 milhões de toneladas de alimentos. Segundo o Conselho Nacional Agropecuário, o país é o décimo maior produtor e o sétimo maior exportador de produtos agrícolas, resultando em uma demanda significativa por soluções de transporte refrigerado. De acordo com a Maersk, o mercado de logística de cadeia de frio no México está avaliado em cerca de 4,06 bilhões de dólares para 2024, com uma expectativa de crescimento para 6,06 bilhões de dólares até 2029, a uma taxa anual de 12,36%.
A indústria farmacêutica também se beneficia das tecnologias de cadeia de frio para transporte de medicamentos. Com um crescimento médio anual de vendas de 9% entre 2019 e 2022, o setor farmacêutico mexicano registrou 631 projetos de pesquisa e desenvolvimento em tecnologia e inovação, de acordo com a ENIFARM 2023. Esse cenário impulsiona a demanda por soluções logísticas resilientes e uma infraestrutura de transporte refrigerado, essencial para minimizar perdas e atender a exigências do mercado.
“A capacidade da cadeia de frio no México duplicou nos últimos cinco anos, mas a demanda em toda a América do Norte continua a crescer. As empresas de logística precisam se preparar para oferecer soluções inovadoras que aumentem a resiliência da cadeia”, afirma Aranda. O executivo acrescenta que as empresas logísticas devem adotar um papel de integradoras, utilizando tecnologia para conectar todas as etapas e garantir visibilidade e redução de desperdício na cadeia de suprimentos.
A tecnologia dos contêineres refrigerados, conhecida como “reefer”, avançou significativamente nas últimas décadas, principalmente no desenvolvimento de atmosferas controladas. Essa tecnologia ajusta variáveis como concentração de oxigênio, dióxido de carbono, nitrogênio, temperatura e umidade, fatores que mantêm a qualidade dos produtos perecíveis e prolongam sua vida útil durante o transporte. A plataforma Captain Peter da Maersk, integrada aos contêineres refrigerados, permite monitoramento constante das condições de carga, incluindo temperatura e localização, minimizando riscos e facilitando a gestão preventiva.
Outra técnica, o tratamento de frio, é usada no controle de pragas em frutas e legumes, atendendo às exigências de mercados com regulamentações rigorosas de segurança e qualidade. Além disso, os contêineres StarRipe da Maersk permitem o controle do processo de amadurecimento da fruta durante o transporte, garantindo a chegada no ponto exato de maturidade e coloração desejados.
Soluções digitais e ferramentas de visibilidade e rastreabilidade, como dashboards personalizáveis, contribuem para decisões estratégicas na cadeia de suprimentos, proporcionando maior controle aos gestores. Esse cenário de inovação reflete as novas exigências dos consumidores e do comércio global, demandando uma logística colaborativa e soluções tecnológicas de longo prazo.
A cadeia de frio com essas inovações tecnológicas não só assegura a qualidade dos produtos transportados, mas também apoia o crescimento das exportações latino-americanas, consolidando a posição da região no comércio global.