A construção de um relacionamento entre duas empresas vai muito além da assinatura de um contrato. O dia a dia estabelece um contato de confiança entre pessoas, e não apenas entre organizações, que muitas vezes ultrapassa o simples fornecimento de serviços ou produtos.
Imagine, então, no caso da locação de máquinas, ativos que para os operadores logísticos representam muito mais do que apenas a manutenção das operações, mas podem de fato definir o atendimento eficaz ou não das demandas dos clientes. A dúvida sobre repassar ou não parte da gestão da operação das empilhadeiras ainda permeia o setor, mas aos poucos e com o desenvolvimento orgânico do relacionamento, ela se dissipa.
Na Retrak Empilhadeiras, a relação com os clientes é firmada antes mesmo do contrato assinado. Isso porque a empresa realiza todo um trabalho de conscientização e isso fica explícito já nas explicações do diretor executivo, Fábio Pedrão. Segundo ele, a atratividade da locação vai muito além do ganho financeiro. Quando uma empresa precisa da empilhadeira, se o ativo é próprio e apresenta algum defeito, pode acontecer de ela deixar de atender o cliente. “A mercadoria não é movimentada, a empresa tira o foco de seu negócio e o que parecia até então ser econômico passa a se tornar um prejuízo”, diz.
Há outras questões identificadas. De acordo com Pedrão, o operador logístico pode perder o cliente, pois não entregou a mercadoria, ou terá um prejuízo financeiro, uma vez que poderá pagar multa devido à quebra na operação. “Com a máquina alugada, as empresas repassam a responsabilidade sobre o serviço e têm a certeza de que os ativos operam dentro das normas de segurança. É uma tranquilidade que não tem como mensurar”, avalia o executivo.
Terceirização
Pensando nisso, a Gat Logística procurou a Retrak e em 2005 firmou o primeiro contrato que estabelecia a locação de uma máquina. O acordo inicial estabelecia a prestação de serviços por 24 meses, com o fornecimento de mão de obra e peças, acompanhamento, gestão da sala de baterias e manutenções preventivas e corretivas.
Antes do acordo, a Gat contava em sua operação com máquinas próprias, sendo responsável, também, pela manutenção. “Nem sempre o cliente consegue executar esse tipo de trabalho dentro das normas que o fabricante determina. É importante ter um parceiro que tenha as máquinas e o conhecimento para fazer a manutenção adequada”, explica Pedrão.
O trabalho para dimensionar o parque, contudo, começou com uma análise do armazém. À época, conta Pedrão, a Gat ocupava uma edificação com uma viga baixa, o que fazia com que as máquinas entrassem de maneira justa no depósito. Dentro, entretanto, o pé-direito era alto.
O diretor Comercial da Gat Logística, Anderson Moraes, revela que o espaço, localizada no km 28 da Rodovia Ayrton Senna, em Guarulhos (SP), contava com uma área de armazenagem de 10 mil m² e capacidade para 12 mil posições-palete. “Tínhamos três empilhadeiras a combustão e uma empilhadeira retrátil elétrica, todas próprias”, lembra. Segundo o executivo, não há números que possam ilustrar os custos desta época.
Apesar de não possuir os índices, a empresa começou a analisar a terceirização a fim de focar na qualidade de seu negócio, deixando a manutenção das empilhadeiras para quem realmente entende do assunto. “Começamos com o aluguel de uma selecionadora de pedidos horizontal. Depois surgiu a necessidade de uma empilhadeira retrátil elétrica de grande elevação para corredor estreito”, cita.
Após sete anos de renovações automáticas de contrato, uma nova demanda surgiu. A Gat mudou o endereço de seu armazém e passou a ocupar, no km 26 da Rodovia Ayrton Senna, uma área total de 76 mil m², sendo 35 mil m² destinados ao estoque com 48 mil posições-palete disponíveis.
Pedrão afirma que, graças ao relacionamento já estabelecido, a Gat continuou a locar as máquinas com a manutenção inclusa, que é o grande diferencial que o prestador de serviço oferece. “Comprar máquina todo mundo pode comprar. O grande segredo é o custo desse investimento e a manutenção correta ao longo do tempo”, pontua.
Revisão operacional
Quando a nova área operacional da Gat já estava estabelecida e operando a pleno vapor, foi preciso realizar alterações nos modelos das máquinas que a Retrak locava ao provedor logístico. “Essas mudanças fizeram com que eles não perdessem um eventual investimento feito em uma máquina pequena. Esse é o grande diferencial frente à aquisição. Se a empresa compra uma empilhadeira e a operação muda depois de um tempo, a máquina comprada fica obsoleta”, analisa Pedrão.
Moraes conta que, depois da mudança de armazém, surgiu a necessidade de a companhia locar empilhadeiras que operassem em grandes elevações e corredores estreitos. O trabalho foi pontual. “As locações foram feitas conforme a operação da Gat necessitava”, define.
Pedrão explica a dinâmica. “O contrato varia em função das operações e do fluxo do cliente. Nossos contratos e a evolução sempre foi gradual. E também exigiu uma análise da operação da Gat. Isso porque eles atuam com diferentes tipos de carga. Os modelos variam de acordo com as operações e nesse caso aplicamos transpaleteiras elétricas, empilhadeiras retráteis para grandes elevações e empilhadeiras a combustão”, cita.
Desafios e a importância do relacionamento
Não basta apenas propor a troca de modelos de máquinas. Na Retrak, todo um trabalho prévio junto ao cliente é realizado. “Nosso objetivo inicial foi sugerir uma nova cultura para a Gat, de 100% máquinas próprias para locadas. Mostramos que com a locação eles não teriam que se preocupar em escolher o fabricante da empilhadeira para comprar, se haveria peças em estoque ou escolher quem iria realizar a manutenção das máquinas, se a fábrica ou um mecânico do mercado. Acredito que a soma desses benefícios fez com que a Gat preferisse ter um parceiro”, aposta Pedrão.
No operador, a ideia foi bem aceita. Moraes afirma que, colocando energia no desenvolvimento de novas e melhores práticas de armazenagem e movimentação das mercadorias dos clientes, a empresa percebeu que seria necessário terceirizar serviços que não são o core business de um operador logístico. “Fizemos uma seleção das melhores empresas do mercado no ramo e escolhemos a Retrak”, diz.
Para Pedrão, a relação entre o locador e o locatário não é algo programado, é instintiva e vai se desenvolvendo ao longo do tempo. “Considero que adotamos algumas posturas que fizeram com que nossos contratos sempre fossem renovados e de longa duração. Essa é uma relação de confiança, pois para a Gat é importante entregar o centro de sua operação, que são os equipamentos movimentando todos os produtos que ela possui dentro do CD para um parceiro de confiança. É algo que começamos de forma pequena e fomos adquirindo com o decorrer do tempo”, explica.
O executivo completa dizendo que isso somente é conquistado com resultados. Além disso, apresentar e aplicar uma mão de obra extremamente especializada e ser dealer de fabricante, no caso a Still, mostra-se uma vantagem competitiva. Já Moraes destaca que a Retrak sempre atendeu a Gat com projetos e soluções adequados à operação. “Iniciamos os contratos entre 12 e 24 meses e sempre renovamos quando necessário”, resume.
Trabalho contínuo
As ações entre as empresas não param. Pedrão constata que a empresa atua de forma estreita com a Gat e participa das especificações de equipamentos para os novos projetos. “Objetivamos oferecer nossas soluções de menor número de equipamentos, mas de alta produtividade. Quando a Gat está identificando soluções para apresentar para seus clientes, com necessidades específicas, nós apresentamos um estudo de locação com as máquinas mais adequadas. Levamos catálogos, informações e dados para eles poderem basear o projeto e apresentar ao cliente. É comum a Gat ganhar contratos em que nós fornecemos as máquinas”, garante.
Moares reforça dizendo que ter um parceiro com experiência de longa data com equipamentos de movimentação de carga é extremamente importante para acertar em cheio na máquina que vai proporcionar o maior rendimento para uma operação específica.
Atualmente, são 15 empilhadeiras locadas para a Gat, dentre elas 13 elétricas e duas a combustão. As máquinas elétricas, com capacidade para 2 toneladas e elevação de 11,5 metros, são projetadas para trabalhar em corredores estreitos e em três turnos. Trata-se de uma operação severa em termos de quantidade de volume de trabalho.
A locadora aplica na operação uma curva de análises de manutenções preventivas e de intensidade das manutenções corretivas. “Quando o número de corretivas atinge uma determinado patamar, nós substituímos a máquina por outra. Esse trabalho faz com que a Gat tenha um índice acima de 95% de disponibilidade das máquinas”, calcula Pedrão. Moraes comemora os resultados. “Nossa relação com a Retrak é sempre positiva. Dos pequenos aos grandes projetos, sempre fomos atendidos com uma solução com ótimo custo benefício”, exalta.
Fábio Penteado