É consenso que a solução para o problema do escoamento da produção agrícola brasileira passa pela Região Norte. Nesse sentido, a Saída Norte começa a se consolidar, de fato, como canal de exportação, já que os portos da localidade são mais próximos geograficamente do Centro-Oeste, principal produtor de commodities como soja e milho.
Para se ter uma ideia desse potencial, no ano 2000, por exemplo, os dois principais portos do Norte (Itacoatiara e São Luiz – Santarém ainda não existia) exportaram 900 mil toneladas de soja. Em 2013, pelos três portos saíram 5,2 milhões de toneladas de soja. Mas a partir desta safra já serão dez milhões de toneladas. Projeções também indicam que, até o ano de 2020, haverá um aumento de área cultivada e da produção agrícola no Brasil, tornando o pleno funcionamento da atividade portuária na Saída Norte ainda mais vital.
Outro ponto positivo que a localização da Saída Norte oferece é a proximidade com o Canal do Panamá e os mercados norte-americano e europeu. Tal fato significa menor tempo de transporte e consequente redução de custos logísticos. Inúmeros empresários estão atentos a essa oportunidade e isso pode ser confirmado pelos diversos terminais privados que já estão efetivamente instalados ou em vias de conclusão na região.
Entretanto, para viabilizar o embarque pela Saída Norte, não podemos contar apenas com as vantagens geográficas. São extremamente necessários a conclusão das obras e o aumento dos investimentos na infraestrutura de acesso aos portos. É importante destacar que tais ações trarão benefícios não só logísticos, mas também para os municípios que compõem a zona portuária. A revitalização de regiões portuárias costuma gerar valor para toda a cidade ao promover o melhor aproveitamento do espaço urbano. Dentre as ações, destaque para o resgate arquitetônico e investimentos em hotéis, restaurantes, edifícios de uso misto e movimentos culturais. Tudo isso, além dos benefícios de infraestrutura na cidade, também ajuda a desenvolver o turismo, gerar novos empregos para a população local e atrair diversos novos negócios, o que, por fim, alavanca a economia.
Não podemos deixar de citar que os investimentos necessários para a efetiva movimentação desses portos devem transcender a região, já que é evidente que toda produção agrícola só poderá chegar aos portos com o apoio de outros modais de transporte. Diante desse cenário, a duplicação de rodovias de acesso é fundamental. Outro ponto crucial para o desenvolvimento da infraestrutura seria o derrocamento do Pedral do Lourenço, para tornar navegável de forma perene o rio Tocantins. Não podemos deixar de citar o gargalo que seria amenizado com a finalização da Ferrovia Norte-Sul, no trecho entre Açailândia (MA) e Barcarena (PA).
Infelizmente, os investimentos em infraestrutura de transporte e diversificação de modais não têm sido suficientes. Seria necessário destinar, segundo especialistas, mais de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) por ano para investimentos em infraestrutura de transportes para proporcionar um atendimento adequado. Ou seja, mais do que o dobro dos investimentos que vêm sendo historicamente realizados.
O sucesso da Saída Norte só se dará se houver uma composição institucional entre a Secretaria de Portos (SEP), os estados e os municípios, associada a investimentos da iniciativa privada, por meio de contratos de concessão e/ou parcerias público-privadas (PPP) para acelerar os investimentos na infraestrutura e aumentar a eficiência operacional nos portos e nos respectivos acessos multimodais (rodovias, ferrovias e hidrovias).