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Inovação na logística brasileira: menos ficção científica, mais soluções práticas

Por Sérgio Simões em 24 de fevereiro de 2025 às 9h11
Sérgio Simões
Sérgio Simões, Growth Diretor da SimpliRoute no Brasil

Quando imaginamos o futuro da logística, é comum pensarmos em drones sobrevoando cidades, robôs humanoides carregando pacotes em grandes centros de distribuição e operações totalmente automatizadas, sem nenhuma força humana. Esses cenários, dignos de ficção científica, alimentam o imaginário popular e até aparecem em projeções futurísticas de grandes empresas. No entanto, a verdadeira revolução da logística não está nesses conceitos ultramodernos, mas sim na implementação de ferramentas tecnológicas acessíveis, altamente eficientes e, na maioria das vezes, muito mais simples do que todos imaginam.

O setor de logística no Brasil e no mundo ainda está amplamente dependente de processos manuais e ferramentas rudimentares, como o uso de planilhas em programas tradicionais. Embora existam exemplos isolados de inovação e modernização, eles ainda representam uma pequena parcela das empresas. O estudo State of Logistic (2024), realizado pela empresa de roteirização SimpliRoute com profissionais do setor em toda a América Latina, revelou um cenário distante do que se imagina para um futuro high-tech: 87% das empresas entrevistadas afirmam que precisam otimizar suas operações para melhorar a gestão de rotas, rastreamento, tempo de entrega e outros desafios logísticos fundamentais.

O impacto da ineficiência logística reflete diretamente no consumidor. Nas entregas de compras online, o custo do frete e o prazo de recebimento são os principais fatores que geram insatisfação. Essa realidade influencia significativamente o abandono de carrinhos, que chega a 71,3% nos e-commerces. Entre os principais motivos estão custos extras, como frete e taxas (45%), e prazos de envio demorados (22%). Esses desafios podem ser mitigados com soluções tecnológicas, como sistemas de roteirização e Inteligência Artificial (IA), que otimizam rotas e utilizam dados em tempo real para tomadas de decisão mais precisas, proporcionando uma logística mais eficiente para transportadoras e varejistas.

Os sistemas de roteirização baseados em IA são capazes de processar uma quantidade massiva de dados e variáveis, como condições do tráfego, previsões climáticas, horários de pico e padrões de consumo, para gerar as melhores rotas de entrega. Isso não apenas reduz custos operacionais, mas também melhora significativamente a experiência do cliente, garantindo entregas mais rápidas e previsíveis. Além disso, a automação desses processos libera equipes humanas para se concentrarem em atividades estratégicas que promovam eficiência e qualidade no serviço prestado.

Outro benefício importante da otimização logística via tecnologia é a redução do impacto ambiental. Segundo o relatório da McKinsey & Company (2021), a implementação de sistemas de roteirização inteligente pode reduzir em até 30% as emissões de CO2 no transporte. A otimização das rotas permite menos deslocamentos desnecessários, reduzindo o consumo de combustível e contribuindo para uma operação mais sustentável.

State of Logistic (2024) também apontou que 34% das empresas identificam a eficiência no transporte como sua principal preocupação, seguida por 25% das empresas que veem a necessidade de implementar novas tecnologias como um dos maiores desafios do setor. Isso demonstra que há um entendimento crescente sobre a importância da modernização, mas a adesão ainda caminha a passos lentos.

No Brasil, essa resistência à inovação ainda é uma barreira significativa. Apesar das evidências de ganhos em eficiência e economia, muitas empresas ainda hesitam em adotar novas tecnologias, seja pela falta de informação, pelo investimento inicial necessário ou, simplesmente, pelo conforto de manter processos já estabelecidos. Essa resistência cria um abismo entre as empresas que inovam e as que permanecem estagnadas, tornando o mercado logístico cada vez mais desigual e menos competitivo.

A falta de modernização também impacta diretamente na capacidade de resposta a crises. Durante a pandemia da COVID-19, por exemplo, muitas empresas que não haviam adotado soluções digitais enfrentaram grandes dificuldades para atender ao aumento da demanda por entregas. Em contrapartida, empresas que já utilizavam tecnologias de roteirização, automação de processos e rastreamento em tempo real conseguiram se adaptar rapidamente e até expandir suas operações, aproveitando a aceleração do comércio eletrônico.

Além disso, a digitalização da logística melhora a transparência para o consumidor. Atualmente, rastrear pedidos em tempo real e receber estimativas de entrega precisas são diferenciais competitivos essenciais. Empresas que oferecem uma experiência fluida e confiável ao cliente saem na frente e conquistam maior fidelização.

O futuro da logística não está necessariamente em drones entregando pacotes ou centros de distribuição operando sem qualquer intervenção humana. Em vez disso, ele está na adequação e na implementação de tecnologias acessíveis e eficazes. À medida que as empresas abandonarem processos manuais e adotarem ferramentas baseadas em IA, estaremos cada vez mais próximos de um setor logístico verdadeiramente alinhado às necessidades do mercado moderno: dinâmico, eficiente e, acima de tudo, competitivo.

O caminho para essa modernização não é complexo ou inacessível. Existem diversas soluções tecnológicas já disponíveis que podem ser implementadas de maneira gradual e com investimentos proporcionais ao tamanho e necessidade de cada negócio. Empresas que começam a integrar essas tecnologias desde já estarão mais preparadas para os desafios do futuro e poderão garantir não apenas eficiência operacional, mas também um diferencial competitivo sólido em um mercado cada vez mais exigente e digital.

Portanto, o grande salto da logística não será dado com inovações futurísticas distantes da realidade, mas com a aplicação inteligente das tecnologias que já temos ao nosso alcance. A revolução logística já começou e cabe às empresas decidirem se querem liderá-la ou ficar para trás.

 

*Sérgio Simões é formado em administração pela Universidade Paulista. Com mais de 15 anos de experiência em vendas corporativas. É Growth Diretor da SimpliRoute no Brasil e estruturou a área de vendas da empresa no país. Tem experiência e vasto conhecimento no setor de logística.

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