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Tecnologia avança, mas capital humano sempre terá espaço no mercado logístico

Por Guilherme Juliani em 28 de fevereiro de 2020 às 16h12 (atualizado às 16h13)
Guilherme Juliani

Quem vive e respira logística sabe que a área é construída por operações pesadas e muita tecnologia. E a onda da vez é justamente discutir se há algum limite para a automação do setor. Isso não acontece à toa. Existe uma série de processos que requerem esforço físico, movimentos repetitivos e que podem ser substituídos por máquinas, que inclusive trabalham com uma eficiência e assertividade muito maiores.

Isso não significa, no entanto, que as pessoas são dispensáveis. Ao contrário, existe um ponto de equilíbrio que é fundamental. De maneira bastante objetiva, acredito que a parte operacional dos trabalhos será automatizada, enquanto os humanos realizarão toda a parte estratégica e atendimento de excelência. Mas vamos por partes.

Hoje, nenhuma empresa em nossa área sobrevive no mercado se não estiver cercada das melhores máquinas e softwares. E o caminho para uma automatização mais forte continua a toda velocidade. Fazer uma conta torna tudo evidente, pois os gastos são menores, a eficiência é maior e a empresa só tende crescer. Se feita nos locais estratégicos dentro da empresa, o resultado seguramente será positivo.

Com isso em mente, fizemos uma viagem para a China, a fim de conhecer as principais tecnologias do setor logístico, saber quais são as tendências para 2020 e quais vão ditar os rumos do mercado nos próximos anos. Não foi surpresa para mim, mas o impacto visual é chocante: me deparei com galpões e armazéns quase 100% operados por máquinas de todos os tipos. Há robôs de checagem de endereço, movimentação de carga, encaminhamento para os veículos, uma automatização quase total. Há o trabalho feito por humanos nesses lugares, como a ativação das máquinas e verificações mais específicas, mas o grosso do trabalho é todo feito pelas máquinas.

Por outro lado, nosso mercado não vive apenas de movimentações de cargas no armazém. Muitas decisões precisam ser feitas fora do que mostram planilhas. É preciso interpretar o que dizem os sistemas, contornar imprevistos. É preciso sensibilidade para tomadas de decisões, para resolução de conflitos com os clientes, para entender o que, por vezes, nem é dito. E, além disso, é preciso humanos para dizer às máquinas o que elas devem fazer. Apesar de haver softwares de gerenciamento bastante desenvolvidos, ainda assim a parte criativa do trabalho não tem como ser replicada.

Os computadores chegam até um determinado limite na área de produção, mas não são capazes de compreender quais são as áreas com mais dificuldades dentro da empresa, pois nem tudo é mensurável. Relações entre parceiros e clientes não são solucionáveis com comandos, mas compreendendo a dor do outro lado e buscando entregar as melhores soluções.

Acredito que negar a automação dentro das empresas está fora de cogitação, da mesma forma que automatizar todos os processos também esteja. No cenário atual, é preciso um equilíbrio entre homem e máquina, pois cada um tem habilidades específicas, que se completam.

É preciso harmonizar os lados, fazendo com que o máximo potencial de ambos seja viabilizado. Não é inteligente fazer uma mente criativa solucionadora de problemas perder tempo com processos operacionais simples. Então, para que essa pessoa alcance seu pleno potencial, nada melhor do que deixá-la livre para trabalhar em assuntos que realmente demandam habilidades que apenas os seres humanos são capazes de resolver e que máquina alguma será capaz de substituir.

Tecnologia avança, mas capital humano sempre terá espaço no mercado logístico
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