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Potencial do Supply Chain - caminhos para prevenção de perdas

Por Anderson Ozawa em 6 de março de 2025 às 8h00
Anderson Ozawa

A cadeia de suprimentos (supply chain) é um dos pilares estratégicos para o sucesso operacional e financeiro de qualquer organização. Gerir adequadamente os processos que envolvem a movimentação e armazenamento de mercadorias, insumos e informações dentro da cadeia pode ser o diferencial competitivo de empresas que buscam maximizar eficiência, reduzir desperdícios e elevar a rentabilidade.

Um dos principais desafios do supply chain está na prevenção de perdas, assunto ainda novo para empresas logísticas de diversos portes e segmentos. Quando falamos de perdas no supply chain, estamos abordando uma gama ampla de eventos que impactam diretamente os resultados da empresa: furtos, roubos, extravios, avarias, erros operacionais, obsolescência de estoques, rupturas, custos logísticos excessivos e desperdícios.

Cada um desses fatores pode comprometer a sustentabilidade do negócio ao afetar uma ou mais das Perdas 360º, categorizadas como Estoques, Financeiras, Comerciais, Administrativas, Eficiência, Legais, Reputacionais e Dados. Por isso, a gestão de riscos e perdas precisa estar no centro das estratégias logísticas.

A pesquisa de perdas no varejo, realizada pela Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (Abrappe) e a KPMG, revelou que as perdas no supply chain representam um impacto significativo nos custos operacionais das empresas. Entre as principais causas, destacam-se:

 

  • Erros no processo de armazenagem e distribuição
  • Falta de controle no recebimento de mercadorias
  • Falhas nos processos de conferência e expedição
  • Problemas na logística reversa e nas devoluções
  • Roubos e furtos em transporte e centros de distribuição
  • Desperdícios decorrentes de prazos de validade expirados

 

Dessa forma, a aplicação de metodologias robustas e a implementação de tecnologias emergentes são fundamentais para mitigar esses riscos.

Para abordar de maneira estruturada a prevenção de perdas dentro da cadeia de suprimentos, aplicamos o modelo do Pentágono de Perdas, que considera cinco elementos essenciais: Pessoas, Processos, Auditoria, Tecnologia e Indicadores.

 

1. Pessoas: capacitação e cultura preventiva

Os colaboradores que atuam diretamente na cadeia de suprimentos precisam ser treinados e engajados para garantir a execução dos processos conforme os padrões estabelecidos. A cultura da prevenção de perdas deve ser incorporada no DNA da organização, incentivando boas práticas e garantindo disciplina na execução das atividades.

 

Ações estratégicas:

  • Treinamento contínuo dos times de recebimento, armazenagem e expedição;
  • Sensibilização sobre a importância do controle rigoroso de estoques e auditorias;
  • Criação de programas de reconhecimento para boas práticas na operação logística.

 

2. Processos: padronização e controle rigoroso

A ausência de padronização nos processos logísticos é uma das principais causas de perdas. Implantar procedimentos bem definidos e garantir que sejam seguidos reduz significativamente os riscos.

 

Ações estratégicas:

  • Implementação do modelo First End, First Out (FEFO) para reduzir perdas por vencimento;
  • Melhoria nos processos de recebimento e conferência de mercadorias;
  • Redução do índice de erro nas movimentações e transferências entre CDs, lojas e last mile (última milha)

 

3. Auditoria: acompanhamento e validação das operações

A auditoria contínua nos processos do supply chain permite identificar falhas e vulnerabilidades antes que se tornem problemas maiores.

 

Ações estratégicas:

  • Realização de inventários rotativos frequentes para garantir acuracidade dos estoques;
  • Implementação de checklists operacionais para garantir conformidade nos processos;
  • Auditoria dos transportes para evitar desvios de cargas e fraudes.

 

4. Tecnologia: uso inteligente para controle e segurança

A tecnologia é um dos maiores aliados na redução de perdas no supply chain. Soluções avançadas garantem maior precisão na rastreabilidade, monitoramento e segurança operacional.

 

Ações estratégicas:

  • Implementação de RFID para controle automatizado de estoques;
  • Uso de torres de controle logístico com geolocalização para rastreamento de cargas;
  • Monitoramento em tempo real dos processos de armazenagem e expedição via sistemas WMS e TMS.

 

5. Indicadores: tomada de decisão baseada em dados

A mensuração contínua dos indicadores permite que a empresa tome decisões mais assertivas e otimize os processos para evitar perdas.

 

Ações estratégicas:

  • Implementação de dashboards para acompanhamento dos KPIs logísticos;
  • Definição de metas de redução de perdas e avaliação de performance;
  • Análise contínua dos indicadores de ruptura e desperdício de produtos.

 

A prevenção de perdas na cadeia de suprimentos é um desafio que exige abordagem sistêmica e estruturada. Empresas que adotam boas práticas baseadas no Pentágono de Perdas e investem em pessoas, processos, auditoria, tecnologia e indicadores conseguem não apenas reduzir as perdas, mas também aumentar a eficiência operacional e elevar a rentabilidade.

Com uma visão holística e integrada, o supply chain pode ser um dos maiores diferenciais competitivos para as empresas, garantindo que cada elo da cadeia funcione de maneira otimizada e segura. Afinal, a Gestão de Riscos em Perdas Corporativas não é um custo, mas um investimento estratégico para o futuro do negócio.

 

*Anderson Ozawa é CEO da AOzawa Consultoria, especialista em governança Operacional e Corporativa, palestrante, consultor, professor da FIA Business School e autor do livro "Pentágono de Perdas: Transformando Perdas em Lucros"

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