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20 Cases de inovação em supply chain

Muitas frentes inovadoras tomaram forma nestes últimos anos. Se por um lado já havia uma corrente constante de inovações em digitalização em andamento, a pandemia fez esta corrente decolar rapidamente e exigiu grande resiliência das empresas e antecipação desses processos e planos de digitalização empresarial.
Por Estela Takahachi em 21 de março de 2023 às 11h33 (atualizado às 16h30)
Estela Takahachi
20 Cases de inovação em supply chain

A A figura 1 mostra alguns dos assuntos mais pesquisados no Brasil, relacionados a tecnologias aplicadas à Logística e Supply Chain. Dentre eles, selecionamos o que as empresas implementaram ou terminaram de implementar como forma de contornar a crise provocada pela pandemia ou conforme o plano digital delas.


Adidas

A matéria da Thomas Insights1 mostra que uma das marcas globais de moda esportiva, a Adidas, implementou a otimização da sua complexa cadeia de suprimentos através da automatização de processos no novo edifício sede da empresa nomeado como Halftime em Herzogenaurach na Alemanha.

Com o uso da digitalização, ao fabricar sob demanda, a Adidas oferece produtos personalizados e isso é possível porque na fábrica da empresa (a Speedfactory) são concentrados todos os componentes enviados pelos fornecedores para que os produtos sejam montados usando principalmente impressão 3D e a robótica. Isso vai de encontro à tendência dos consumidores e seus desejos de consumo cada vez mais personalizados tanto para produtos quanto para serviços, incluindo até a personalização de como o produto deverá ser entregue e onde será armazenado.

O objetivo desta frente é reduzir os excessos e desperdícios na cadeia produtiva e custos de  armazenamento e envio.

Ambev

Houve várias matérias incluindo a da NeoFeed2 onde se discutiu a eficiência do aplicativo Zé Delivery da Ambev (que entrega cerveja gelada a preço de supermercados em até 60 minutos) e o quanto a sua implementação antes da pandemia foi uma decisão muito favorável para a empresa, visto que no segundo trimestre de 2020 o serviço via aplicativo registrou 5,5 milhões de pedidos, equivalente a 3,6 vezes a mais se comparado ao total de pedidos efetuados no ano de 2019 inteiro.

Outra matéria do NeoFeed3 destaca a recente aquisição da Ambev da startup Lemon, que desenvolveu um processo baseado em tecnologia onde bares e restaurantes passam a consumir energia de fontes limpas. Através da conexão da Lemon com usinas de energia limpa (como as de fonte solar ou eólica) a grandes distribuidores, gerando créditos a serem descontados na conta da carteira de empresas da startup.

Com a Ambev, a ideia é expandir o range de atuação, bem como fechar acordos com mais distribuidores de energia.

Centauro

A Centauro aposta em não vender apenas artigos para esportes, mas está apostando na criação de conteúdo para potencializar o seu negócio – especialmente para os canais digitais, que já representam como impulsionadores de 28% das vendas. Para isso, fez a aquisição da produtora de conteúdo NWB, que é detentora de canais do YouTube como Desimpedidos, Acelerados e Falcão 12. A ideia é se tornar um ecossistema do esporte e aumentar a profundidade de relação com seus clientes.

Além disso, a Centauro adquiriu a Fisia, distribuidora da Nike comprada por cerca de R$ 1 bilhão, o que já fez a participação do e-commerce crescer em vendas para a marca americana, partindo de 10% para 20% de um trimestre para o outro. No geral, as vendas digitais já representam 28% da receita total do grupo, 9 pontos porcentuais a mais do que em 2019.

Com estas mudanças de estratégia, a logística também implementou inovações como a "Ship from Store" ou "Envio da Loja". Essa estratégia consiste em utilizar o estoque das lojas físicas como um centro de distribuição para enviar produtos diretamente aos clientes que compram online, em vez de depender exclusivamente de um centro de distribuição centralizado.

Com essa abordagem, a Centauro pode aproveitar ao máximo sua rede de lojas físicas para fornecer uma entrega mais rápida e eficiente aos clientes, além de reduzir custos de transporte e estoque. Além disso, a iniciativa ajuda a aumentar a eficiência e a produtividade das lojas, uma vez que elas podem manter seu estoque em movimento constante, reduzindo o tempo em que os produtos ficam armazenados nas prateleiras.

Essa estratégia tem se mostrado um sucesso para a Centauro, permitindo que a empresa melhore a experiência do cliente e ganhe uma vantagem competitiva em um mercado cada vez mais acirrado.

Arezzo&Co

Através da combinação de técnicas de ciência de dados com machine learning, a Arezzo&Co passou a prever as vendas de determinadas lojas e auxiliar na tomada de decisões e com a pandemia a empresa esteve à frente de mais um desafio, tendo suas lojas fechadas, passou a mudar a estratégia e se dedicando ao e-commerce e a personalização da experiência de compra do usuário. Com o uso da mesma tecnologia, a ideia é proporcionar ao visitante do site um uso fácil para encontrar produtos que estaria disposto a adquirir de acordo com seus hábitos de compra.

Desta forma, a empresa lançou a ZZMall, que segundo a Revista Exame6, é um marketplace que centralizará todas as sete marcas da empresa em um único local, incluindo a Vans, empresa americana que a Arezzo&Co distribui exclusivamente no Brasil.

A implementação da plataforma de marketplace faz parte do plano de digitalização da empresa que traz o desafio de entregas para o dia seguinte na cidade de São Paulo. A plataforma possui parceiros de vestuário, jóias, relógios, acessórios de decoração para casa e etc.

A plataforma prevê ainda serviços de consertos de bolsas, além de conteúdos de moda, decoração e outros. Em mais uma matéria da Revista Exame7, a empresa havia intencionado a possibilidade de oferecer buscas por produtos através de imagens, mas este é um projeto ainda a ser desenvolvido. Com a tecnologia baseada em nuvem, através dos insights fornecidos, será possível otimizar o estoque em um ambiente omnichannel por meio de previsões de demanda locais.

Azul Cargo / WalMart (EUA) / Amazon (EUA)

A Investing.com8 anunciou que a empresa aérea brasileira está em negociações e testes com a Speedbird Aero para desenvolverem juntas entregas com drone, sendo que a Speedbird Aero entraria com a  tecnologia e a Azul Cargo com a inteligência logística. Mas enquanto o projeto não ganha escala e a demanda ainda não existe, a empresa já começou a instalar caixas de retirada de encomendas, conhecidas como parcel lockers (ou armários inteligentes), em mercados e postos de gasolina. Hoje, quando a Azul precisa entregar um produto, é comum que um parceiro faça o trecho final do transporte, retirando o item do avião e o levando até a casa do cliente.

Nos Estados Unidos o WalMart também começou os testes de entregas via drone, conforme apontado pela Tecmundo9. Para tanto, recrutou a Flytrex já que possui equipamentos capazes de atingir a velocidade máxima de 51 km/h a até 70 metros de altura, e transportam cargas com até 3 kg a uma distância máxima de 5,5 km. A Amazon também já recebeu autorização para operar com drones nos Estados Unidos e promete fabricar seus próprios drones, que carregam 2,26 quilos e sobrevoam uma distância máxima de 24km.

BRMalls e Ancar Ivanhoe

Em matéria da Draft10, o questionamento quanto ao futuro dos shoppings centers brasileiros é que eles tendem a virar também HUB logísticos, segundo a própria percepção dos dirigentes da BRMalls. Com investimentos já adicionados em seus 29 prédios pelo país para o combate do coronavírus como câmeras com sensor infravermelho para checagem de temperatura corporal e monitoramento de clientes por wifi de seus celulares, para evitar aglomerações nos corredores, a tendência também será facilitar a venda digital e a entrega do produto direto ao cliente.

Pertencente do Cubo, o polo de empreendedorismo do Itaú e Redpoint, desde 2018, a BRMall vinha "convertendo" lojistas a desenvolverem projetos pilotos com as startups do Cubo, incluindo a digitalização das vendas e o equilíbrio do online com o offline e o uso do próprio marketplace, implementado de forma antecipada em 2020 como tentativa de contornar a crise provocada pela pandemia, além do uso do Google para realização de pedidos de refeições.

Segundo a matéria da Folha de S. Paulo11, a administradora de shoppings Ancar Ivanhoe começou a adotar estratégias com marketplaces como a Amazon para converter vendas com clientes que no pós pandemia, continuarão a comprar online.

Diversos canais de comunicação já haviam publicado matérias sobre a adoção de delivery e drive thru, além de armários inteligentes de encomendas pelos shoppings em todo o Brasil.

Bunge

Na entrevista com o diretor de Logística da Bunge para a Mundo Logística12, é mostrado os benefícios que a empresa passou a colher ao ter digitalizado a contratação dos fretes, medida que faz parte da transformação digital da empresa.

Através de um aplicativo, os motoristas selecionam o frete e agendam o carregamento sem a necessidade de comparecerem presencialmente em uma das filiais da Bunge para retirar a ordem de carregamento, já que este passa a ser digital e confirmada no momento da escolha pelo motorista. Um grande diferencial da ferramenta é estar totalmente integrada ao sistema operacional da Bunge incluindo as unidades produtoras de grãos que são os destinos que os motoristas deverão se deslocar para efetuarem o carregamento.

Com foco em facilitar/estreitar o relacionamento da empresa com seus parceiros de negócio, a Bunge possui implementadas outras frentes como ferramentas para auxiliar produtores rurais para identificarem áreas com menor risco socioambiental para expansão agrícola e também para a comercialização global de commodities por meio de tecnologias como o blockchain.

Carrefour

O grupo francês já tinha lançado a sua estratégia de digitalização em 2018 tendo o ano de 2022 como target. Conforme Luiz Souto, Diretor de Customer Service do Carrefour fala em entrevista à Ayden13, o primeiro passo que a empresa no Brasil fez foi implementar a transformação cultural e acabou antecipando esta transformação como várias outras empresas frente aos desafios que a pandemia trouxe. Porém, a vantagem que o Carrefour Brasil teve é que pôde contar com insights das filiais europeias e asiáticas, já que internamente eram compartilhados os impactos em logística, vendas e lojas físicas causados no comportamento dos consumidores devido à dinâmica influenciada pela pandemia.

O trabalho em relação à mudança cultural surtiu efeito, sendo que as vendas no e-commerce entre abril e junho superaram as expectativas. Segundo o que apurou o Abralog35, o relatório do Credit Suisse e análises da BTG Pactual apontam que o e-commerce do Carrefour já se aproximava do seu break-even point neste período e que 60% das vendas surgiram de novos clientes.

Outra marca do grupo, o Atacadão, lançou a operação em comércio eletrônico por meio de marketplace e assim como a marca principal, vem atuando junto com aplicativos de compras online como Cornershop e Rappi.

Coca Cola EUA

A Cointelegraph14 fez uma matéria da CONA - Coke One North America, empresa da plataforma de tecnologia da Coca-Cola nos Estados Unidos, que usará o Baseline Protocol (Protocolo de Linha de Base) em parceria com empresas de DLT ("distributed ledger technology" ou em português, "tecnologia de registro distribuído") bem como os membros fundadores da Baseline Protocol, Unibright e Provide, para aumentar a transparência e reduzir o atrito nas transações da cadeia de suprimentos entre organizações, criando transações otimizadas entre fornecedores e engarrafadores através de um “porto de engarrafamento da Coca-Cola”.

As DLT aumentam significativamente a eficiência dos processos de negócios e dão suporte a muitos setores em sua transformação digital já que transformam a maneira como os dados são armazenados, gerenciados e compartilhados.

As 12 maiores engarrafadoras da Coca-Cola nos Estados Unidos já começaram a usar a tecnologia blockchain baseada em Hyperledger Fabric em sua cadeia de suprimentos desde 2019 e, com isso, o CONA visa expandir o uso da DLT além de sua rede interna para incorporar fornecedores externos, como fornecedores de matéria-prima que distribuem latas e garrafas.

Heineken

Em matéria da NeoFeed15 foi anunciada a criação, no começo de Setembro, de uma vice-presidência digital para acelerar projetos e trazer a marca no relacionamento direto com seus clientes e fornecedores. Como parte da estratégia global de ser a cervejaria mais conectada do mundo, na filial brasileira foi colocado em prática a transformação da área de tecnologia abrangendo um escopo diferenciado para desenvolver estratégias para aceleração da transformação digital e mitigar resultados negativos como aqueles apresentados no primeiro semestre de 2020 onde recuou 18% em receitas globais.

Com a estratégia digital da empresa holandesa, alguns projetos nesta linha que já estavam implementados desde 2019 serão ainda mais acelerados como o Heishop, um aplicativo online de compras para os clientes como pequenos bares e restaurantes, que até então só funcionava para São Paulo, agora poderá ser utilizado em outros estados brasileiros. A ideia é também criar um canal direto ao consumidor final.

Hortifruti Natural da Terra

Com 100% das ações adquirido pelo fundo suíço Partners Group desde 2017, a rede de hortifrutigranjeiros inaugurou em Julho a loja modelo em São Paulo com o conceito de abastecimento de produtos oriundos do campo às prateleiras em até 24 horas e duas vezes ao dia, conforme apurado pelo Mercado e Consumo17. A loja modelo possui serviços exclusivos como: seção de emporio à granel; compra online e retirada no local no mesmo dia; ponto de coleta de resíduos, vinculação com aplicativos de compras e entregas, além de serviços via whatsapp para o perímetro.

Além disso, inaugurou uma dark store na zona norte de São Paulo e outra no Rio de Janeiro. As dark stores são unidades exclusivas para distribuição de mercadorias vendidas online e conforme matéria da SA Varejo16, o investimento da Hortifruti neste modelo de negócio representa cerca de 5% do montante desembolsado para inaugurar um ponto de venda convencional aberto ao público. Antes da pandemia as vendas online representavam no máximo 2% do faturamento mensal da empresa e durante o aumento do isolamento físico causado pela pandemia, as vendas online chegou a bater em 27% de representatividade, estabilizando em 20% conforme levantado por Thiago Picolo, presidente da Hortifruti Natural da Terra.

Para a implementação desta loja, que será uma das lojas neste modelo, o relatório de Sustentabilidade 2019 Hortifruti Natural da Terra18  destaca que a empresa acabou realizando mudanças na sua operação logística como a terceirização de parte da frota interestadual, concentrou geograficamente os fornecedores para encurtar deslocamentos, aumentou o volume transportado e da área de estoque e aderiu ao programa RAMA - Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos da ABRAS, a Associação Brasileira de Supermercados para melhorar o gerenciamento e monitoramento da cadeia de produção de frutas, legumes e verduras. Segundo o mesmo relatório, as mudanças garantiram 10,8% de redução de emissão de CO2

iFood

Em janeiro de 2020 muitos veículos de informação como a Suno Research19 anunciaram que a iFood, foodtech líder do mercado, adquiriu a startup Hekima de inteligência artificial com o intuito de tornar a empresa líder em inteligência artificial na América Latina de forma que seja possível, cada vez mais, entender os seus clientes no que tange a suas características e preferências.

O vice-presidente de inovação, Bruno Henriques, disse que a empresa está “transformando a alimentação. Há pouco tempo, o delivery era feito por linha telefônica e no futuro, vai ser tão prático e a logística, tão boa, que as pessoas vão questionar se vale a pena ter cozinha em casa. Para isso, precisamos conhecer o cliente no detalhe”. A Hekima desenvolve e aplica tecnologias de computação cognitiva, transformando dados em informação que auxiliam na melhora da performance dos negócios.

A aquisição veio em boa hora já que nos últimos meses de pandemia, o número de pedidos feitos em sua plataforma de delivery aumentaram expressivamente, chegando a 39 milhões de pedidos mensais, o que representa 32% acima do que no mesmo período do ano anterior como apurado pela Revista Exame21. Os já conhecidos picos de atendimentos ocasionados por conta de horários de refeições são também aprimorados com o uso de inteligência artificial, machine learning e de big data para simular cenários futuros, por exemplo, também causados pelas condições climáticas, proporcionando uma alocação maior de entregadores em operação nesses tipos de eventos. Outro benefício destas tecnologias é estimar o tempo de preparação de cada prato a ponto de otimizar cada vez mais o tempo de espera dos entregadores nos restaurantes, deixando-os mais disponíveis para as entregas

Para o segundo semestre de 2020 estava previsto os primeiros testes de entregas por robôs desenvolvidos pela empresa brasileira Synkar e em Setembro realizaram a primeira entrega em Campinas via drone desenvolvido pela brasileira Speedbird e conforme o E-Commerce Brasil20 apurou, o objetivo da empresa é diminuir para 2 minutos uma entrega que levaria 12 minutos na entrega por motoboy.

L'Oréal

A multinacional francesa L’Oréal, líder em vendas de cosméticos, já havia definido suas metas de transformação digital em 2013 e tinha como target, chegar em 2020 com 20% das vendas através do comércio eletrônico, além de destinar metade dos investimentos em marketing direcionados à internet. Se esta meta não estava próxima de ser concretizada, certamente a pandemia trouxe a mudança no comportamento dos consumidores que a empresa precisava. A empresa divulgou que no primeiro trimestre deste ano, as vendas por comércio eletrônico cresceram 53% em comparação ao mesmo período do ano anterior, tendo números expressivos em regiões que ainda não havia tanto desenvolvimento digital como América do Sul, África e Oriente Médio.

Durante a pandemia, os varejistas começaram a utilizar tecnologia a ModiFace (comprada pela L’Oreal em 2018) para a venda de produtos em que consiste o consumidor realizar provas virtuais dos tons dos produtos em seus cabelos ou rostos, para auxiliar na decisão de compra. A empresa notou que antes da pandemia, consumidores passavam cerca de 2 minutos neste tipo de aplicativo auxiliar e durante a pandemia, este tempo pulou para 9 minutos.

A empresa faz parte desde 2003 do Pacto Global lançado pelo então secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan. O Pacto Global é um chamamento para as empresas alinharem suas estratégias e operações a 10 princípios universais nas áreas que abrangem Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção para assim desenvolverem ações que contribuam para o enfrentamento dos desafios da sociedade, sendo considerado a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo, com quase 16 mil membros de 160 países. E foi em 2020 que a filial brasileira lançou suas metas para suportar o Pacto Global e são indicados no Portal L'Oréal22e23 que, dentre as diversas ações com foco na preservação da biodiversidade, gestão sustentável da água e economia circular, a empresa cita o compromisso de aumento de 95% dos ingredientes de base biológica em seus produtos e empoderamento do ecossistema de negócios e sua sustentabilidade, além de ampliar internamente e entre seus parceiros as medidas que já reduziram 65% da emissão de CO2 nas plantas e centros de distribuição no Brasil, usando ainda 100% de eletricidade renovável e energia solar, além das metas redução de água e resíduos.

Magazine Luiza

Um dos maiores varejistas de eletrônicos e móveis brasileiros anunciou duas aquisições focando no last mile conforme publicou Mundo Logística24: a GFL Logística que é uma plataforma digital que atende a mais de 600 municípios e possui 13 áreas de crossdocking e aproximadamente 850 motoristas independentes cadastrados e a SincLog, outra plataforma de tecnologia que auxilia transportadoras na gestão de cargas, emissão de documentos fiscais e averbações, controle das tabelas de frete e remuneração de motoristas, além de fornecer de forma remota e em tempo real as informações sobre qualidade das entregas.

Em Agosto a empresa começou a mover as peças para trazer a indústria brasileira para o marketplace da empresa comprando a startup HubSales que realiza a operação logística para a indústria de confecções e calçados de Franca, interior de São Paulo, conectando fabricantes a vários marketplaces que operam no Brasil. A estratégia é trazer o modelo para atuar em outras indústrias como o "factory to consumers" aplicado pelo Alibaba, segundo o que disse Frederico Trajano, presidente do Magazine Luiza, em matéria publicada pela SBVC - Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo25.

Mercado Livre

O marketplace argentino, Mercado Livre, também antecipou processos digitais que estavam previstos para implementação em alguns anos para frente por causa da pandemia. Luiz Vergueiro, Diretor de Operações de Logística do Mercado Livre, no evento Logística do Futuro26 realizado pela Revista Mundo Logística, destacou que o tamanho dos pedidos mudaram e regiões que ainda não eram abrangidas acabaram entrando no range de atuação da empresa.

Outra frente que foi antecipada foi a atuação no e-grocery em Abril onde o Mercado Livre passou a vender produtos de supermercados na sua plataforma, sendo agora concorrente nesse segmento da Magalu e também GPA e Carrefour. Conforme a NoVarejo27 informa, as vendas na plataforma já tinham crescido 55% e aumentado o número de novos clientes em aproximadamente 5 milhões e que os investimentos no Brasil estavam focados principalmente nas operações de logística. Na pandemia, a empresa notou que 20% dos novos compradores fizeram sua primeira compra nas categorias de bens de consumo e alimentos, sendo assim, o projeto de e-grocery que já estava previsto para 2020 teve que ser antecipado.

Natura&Co

Como várias empresas no Brasil, a Natura&Co também teve que acelerar áreas ainda não totalmente digitalizadas dentro da empresa devido à pandemia. Com cerca de 1,8 milhão de consultoras no Brasil e América Latina, lançou o Social Selling e, segundo a itForum 36528, já estava sendo acessada por 90% das consultoras e utilizada por 40% em Setembro. Através da rede social WhatsApp, 82% das consultoras conseguem estreitar o relacionamento com seus clientes e 21% realizam vendas.
Luciano Abrantes, CTO e Digital Innovation Latam da Natura, disse que a estratégia emergencial adotada incluiu uma assistente virtual para as consultoras com dificuldades de criação de seu próprio e-commerce e a empresa adiantou a revista digital que já estava em desenvolvimento, tudo isso para que as consultoras fossem minimamente impactadas de forma negativa em suas rendas mensais.

A inclusão digital das consultoras acabou gerando mais valor à empresa e impacto positivo no mercado, tanto que as ações se valorizaram ainda mais, e o Social Selling conquistou o prêmio "As 100+ Inovadoras no uso de TI", na categoria Bens de Consumo.Fontes:
Nike

Outra grande marca de roupas e artigos esportivos, a Nike, adquiriu em 2019 a empresa americana Celect especialista em análise preditiva de varejo e detecção de demanda. Desta forma, conforme a Supply Chain Dive29, a Nike abriu recentemente um depósito próximo a Los Angeles utilizando a modelagem preditiva para avaliar a demanda do consumidor e ajudar a garantir que o estoque que os clientes desejam esteja disponível para envio entre um ou dois dias, disse o diretor financeiro Matt Friend.

Durante a primeira onda pandêmica nos Estados Unidos, as vendas digitais da empresa aumentaram 82% (conforme o Relatório de Resultados do Q1 da própria Nike30) o que sustenta a ação que já havia tomado de estreitar a venda de canais diretos a consumidores e reduzir os contratos de atacado, já que o primeiro tornou-se mais lucrativo.

Além da eficiência digital, a empresa já havia anunciado a implementação do RFID em todos os produtos como parte da estratégia de eficiência operacional e em 2020 destacou que já cobre 100% dos calçados e 75% das roupas, o que ajudará a maximizar a visibilidade e eficiência do estoque. Matt Friend afirmou que a distribuição direta ao consumidor é o futuro que a empresa vai percorrer e que para isso também está dimensionando a robótica e a automação em suas operações tendo já reduzido tempo médio de ciclo dos pedidos em 50%.

Starbucks, PepsiCo, Shopify, DHL e BMW

A Fast Company31 elaborou uma matéria anunciando um consórcio de empresas e organizações juntamente com o Serviço Postal dos Estados Unidos que alia forças para viabilizarem a digitalização da cadeia de suprimentos juntamente com empresas de tecnologia. Este consórcio recebe o nome de Link que reúne grandes empresas globais (como as destacadas) e startups focadas em resolver os problemas do sistema descentralizado da cadeia de abastecimento.

A dinâmica será realizada através de reuniões de discussões de problemas e busca pelas soluções de metas de vendas, buscando particularidades em que todos os envolvidos possam se beneficiar das aplicabilidades.

Algumas das startups participantes são: a Fabric, que opera centros de micro-atendimento automatizados dedicados a same day deliveries; a Third Wave Automation que utiliza robótica nas empilhadeiras para melhorar a segurança neste tipo de tarefa; a ClearMetal, que desenvolveu uma ferramenta para visibilidade ponta a ponta e rastreamento de frete global para eliminar os atrasos.

Via Varejo

O Jornal do Comércio32 anunciou que a Via Varejo investiu R$ 13 milhões em dois novos Centros de Distribuição (Goiás e Rio de Janeiro), um entreposto (Paraíba) e a ampliação do CD de Cachoeirinha no Rio Grande do Sul. A estratégia é aumentar o nível de serviço das lojas Casas Bahia e Pontofrio, além de gerar maior sinergia das operações entre as empresas do grupo. O vice-presidente de Operações Logísticas da Via Varejo, Marcelo Lopes, disse que "Com as melhorias de logística, estamos diminuindo os tempos de entrega de 1 a 3 dias dependendo da região"

Outra medida que a empresa vai colocar em prática, segundo o Seu Dinheiro33, são as aberturas de "mini hubs", que nada mais são do que pequenos centros de distribuição, muitas vezes traduzidos como centros de distribuição urbanos. A tendência é que a empresa consiga reduzir consideravelmente o tempo de entrega de uma mercadoria.

Zara

A Bloomberg34 trouxe uma matéria destacando a estratégia de reação rápida da espanhola Inditex SA, empresa que administra a marca de moda Zara, que permitiu a rápida redução do estoque de 19% em plena pandemia na Europa, conseguindo, desta forma, impulsionar os lucros do primeiro semestre.

Esta redução se deu devido aos acordos de compra flexíveis que permitem que a empresa se adapte rapidamente às mudanças na demanda. Apesar da queda nas vendas, as ações da empresa subiram até 6,7% em um período de Setembro.

Segundo o presidente da empresa, Pablo Isla, há o plano de investir cerca de US$ 3 bilhões em e-commerce, reformas e novas lojas nos próximos três anos. Disse ainda que estuda a possibilidade da empresa operar no futuro com níveis de estoque ainda mais baixo. Na experiência online houve um aumento de 74% nos pedidos aumentando os ânimos da companhia.

Conclusão

Indiscutivelmente a pandemia acelerou as já planejadas transformações digitais de diversas empresas e, considerando as pesquisas mais recentes realizadas sobre tecnologia em logística e supply chain em 2020 a antecipação das blueprints para o ano corrente foram fundamentais e ainda serão para o próximo ano, esperando-se implementações ainda mais profundas em matéria de digitalização até 2030.

Podemos perceber que cada vez mais a tecnologia está presente nos processos das empresas e a digitalização será fundamental visto que os cases aqui apresentados já estão ditando as novas regras de mercado.

 

Fontes:

1 Thomas Insights - How the Adidas Supply Chain Keeps Running Ahead of the Competition, Julho de 2020
2 NeoFeed - O digital é o novo ingrediente da Heineken na guerra das cervejarias, Setembro de 2020.
3 NeoFeed - Muito além da cerveja: Ambev investe em startup de energia limpa, Outubro de 2020.
4 E-commerce na Prática - Live Commerce: Nova Tendência do Ecommerce? [Caso Americanas], Junho de 2020.
5Mercado e Consumo - Dono da Centauro vai além do varejo para virar um ecossistema de esporte, Agosto de 2021
6 Revista Exame - Arezzo lança nova plataforma digital e pode fazer aquisições, Agosto de 2020.
7 Revista Exame - Como Arezzo e iFood usaram a mesma tecnologia para crescer na pandemia, Setembro de 2020.
8 Investing.com - Azul busca ampliar serviços com drone de entrega, Setembro de 2020
9 Tecmundo - Walmart começa a fazer entregas com drones nos EUA, Setembro de 2020
10 Draft - Para que serve um shopping center? Compras? Lazer? Para a BRMalls, o Shopping será um HUB de Logística, Setembro de 2020.
11 Folha de S. Paulo - Shoppings do Brasil vão vender pela Amazon, Maio de 2020
12 Mundo Logística - Com digitalização de fretes, Bunge já movimentou 1,5 milhão de toneladas de grãos, Abril de 2020.
13 Ayden - Carrefour: Transformação Digital também é cultural, Setembro de 2020
14 Cointelegraph - Coca-Cola adota DLT e Ethereum visando maior eficiência da cadeia de suprimentos, Agosto de 2020 ou no Youtube: Cointelegraph - Coca Cola Embraces DLT and Ethereum for Supply Chain Efficiency
15 NeoFeed - O digital é o novo ingrediente da Heineken na guerra das cervejarias, Setembro de 2020.
16 SA Varejo - Rede de hortifrútis cria 'dark stores' para venda online, Julho de 2020
17 Mercado e Consumo - Rede Hortifruti Natural da Terra inaugura loja modelo na zona leste de SP, Julho de 2020
18 Hortifruti Natural da Terra - Relato de Sustentabilidade 2019, edição extra
19 Suno Research - iFood firma acordo de compra com empresa de inteligência artificial, Janeiro de 2020
20 E-Commerce Brasil - iFood faz primeira entrega com drone na fase de testes em Campinas, Setembro de 2020
21 Revista Exame Como Arezzo e iFood usaram a mesma tecnologia para crescer na pandemia, Setembro de 2020
22 L'Oréal Brasil - L’oréal e a sustentabilidade: grupo anuncia novas metas sustentáveis com o programa ‘LOréal para o Futuro, Junho de 2020.
23 L'Oréal Brasil - L'Oréal Brasil participa do 1º Seminário de economia circular e reforça compromisso com a sustentabilidade através do Sharing Beauty With All, Janeiro de 2020
United Nations Global Compact
24 Mundo Logística - Magalu compra duas empresas de Logística para e-commerce, Outubro de 2020
25 SBVC - Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo - Magazine Luiza compra HubSales e indústria, Agosto de 2020.
26 Logística do Futuro, Setembro de 2020.
27 NoVarejo - A estratégia do Mercado Livre para entrar no setor de supermercados, Junho de 2020
28 itForum 365 - Social Selling inova modelo de vendas da Natura e acelera inclusão digital, Setembro e 2020.
29 Supply Chain Dive - Predictive analytics determine what's in stock at Nike's new Los Angeles warehouse, Setembro, 2020
30 Nike Inc - Reports Fiscal 2021 First Quarter Results
31 Fast Company - Starbucks, PepsiCo, and BMW partner to fix a global problem worth trillions, Agosto de 2020 
32 Jornal do Comércio - Via Varejo investe R$ 13 milhões em dois novos centros de distribuição e entreposto, Julho de 2020
33 Seu Dinheiro - Os planos da Via Varejo: mais mini hubs, vagas home office e parceria com a Globo, Agosto de 2020
34 Bloomberg - Zara Owner’s Lean Business Model Helps It Cope With Pandemic, Setembro 2020
35 Abralog - Carrefour acelera no digital e se aproxima de R$ 1 bi em vendas no e-commerce, Julho de 2020.

Fonte de apoio:
Fashion Network - Nike adquire Celect, empresa de análise preditiva, Agosto de 2019

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