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Disrupção no transporte de cargas passa pelas plataformas integradas

Por Nelson Arrojo Jr. em 22 de novembro de 2021 às 9h43
Nelson Arrojo Jr.

O Brasil é um país com dimensões continentais. Por conta das longas distâncias, transportar cargas por aqui exige eficiência e organização, já que mais de 60% de toda a movimentação de cargas do nosso país é realizada no modal rodoviário. Para se ter uma ideia, além da frota de caminhões de transportadoras que ultrapassa 1,5 milhões de veículos, temos hoje operando no Brasil mais de 900 mil veículos de caminhoneiros autônomos registrados na ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). Mas então por que nossa eficiência logística é baixa?

Um dos maiores desafios da logística hoje é a gestão do frete, que inclui desde a contratação do caminhoneiro até a entrega final da carga, passando pela gestão da viagem e todos os trâmites burocráticos necessários. É muito comum que as empresas utilizem agenciadores, plataformas de publicação de cargas e, principalmente, os contatos e a relação pessoal dos funcionários que negociam e contratam os caminhoneiros. Dessa forma, as informações ficam espalhadas e não há um processo organizado para a gestão dos contatos, perfil e disponibilidade dos caminhoneiros e de seus veículos. Quando um funcionário muda de empresa, ele leva consigo os contatos de caminhoneiros e a empresa perde o acesso a essa importante base de dados. Esse é sem dúvida um dos principais desafios para a gestão da base de caminhoneiros para as empresas.

Parece difícil organizar esse processo, mas é mais simples do que parece. Com o uso de tecnologia é possível integrar sistemas e ter acesso a bases de dados colaborativas, gerenciando melhor o transporte de cargas com caminhoneiros autônomos, reduzindo custos logísticos, além de aumentar a eficiência e a qualidade do transporte. No transporte de cargas com caminhoneiros autônomos, o compartilhamento e a organização das informações é fundamental para que o sistema funcione de forma eficiente e todos se beneficiem com uma logística colaborativa.

Por exemplo: um contratante despacha uma carga de São Paulo para Curitiba. Não seria perfeito que um embarcador de Curitiba pudesse contratar esse mesmo caminhoneiro para voltar para São Paulo com outra carga? Isso beneficiaria as duas empresas contratantes - que fidelizariam o caminhoneiro nessa rota - e o caminhoneiro, que otimizaria sua viagem, conseguiria ainda economizar em combustível e tempo, já que não teria que se deslocar para outra cidade para buscar outras cargas. Esta possibilidade já existe.

A questão é que parte da solução do problema passa por uma mudança de mentalidade por parte das empresas. O mundo está se atualizando, agregando novas tecnologias e aderindo a movimentos importantes, como a adoção de práticas ESG e economia compartilhada. Os contratantes de frete também devem fazer parte desse momento. Um exemplo de setor que tinha uma visão antiga, mas que mudou seu modo de pensar é o de agronegócio. Pautado por decisões seculares, o setor abriu espaço para empresas techs entrarem e estão colhendo frutos positivos dessas inovações. O segmento de transporte de cargas também deve olhar com carinho para esse lado da tecnologia e inovações para que possam se beneficiar com a evolução tecnológica. Não podemos mais pensar que a disponibilidade dos caminhoneiros é uma questão estratégica para a empresa e que, ao compartilhá-la, você beneficiará seu concorrente. Todos saem ganhando quando os processos são feitos de forma eficiente e colaborativa.

Mas como adotar essa mudança? O diferencial está na tecnologia e na informação de confiança. Assim como em outras áreas da vida, a tecnologia pode agregar um grande valor ao seu negócio se utilizada da maneira correta. As empresas podem desenvolver um sistema proprietário de gestão de fretes ou podem utilizar plataformas colaborativas disponíveis no mercado desenvolvidas para esse fim. Os sistemas proprietários representam um avanço, porém são bastante limitados, uma vez que somente um pequeno grupo de caminhoneiros acaba sendo cadastrado e o sistema não se beneficia ainda da possibilidade de outros contratantes de fretes participarem e contratarem esses caminhoneiros. Outro problema dos sistemas proprietários é que eles nem sempre conseguem identificar a localização e disponibilidade do caminhoneiro quando o mesmo está transportando para um terceiro.

As plataformas colaborativas são a melhor solução, mas é preciso ficar atento porque muitas delas apenas divulgam os fretes. Isso faz com que o contratante fique aguardando até que algum caminhoneiro autônomo se interesse e entre em contato para negociar o frete. É um processo reativo e depende do caminhoneiro para iniciar a negociação. O ideal é que o próprio contratante identifique a disponibilidade e o perfil do veículo do caminhoneiro a partir de plataformas colaborativas, permitindo assim que ele entre em contato diretamente com o caminhoneiro para a negociação.

É fundamental fazer uma busca cuidadosa para selecionar uma plataforma completa, que atenda às necessidades de segurança e visibilidade. As melhores opções incluem, além do compartilhamento de informações dos caminhoneiros e de sua disponibilidade, um sistema integrado com provedores de serviços indiretos para o transporte de cargas (meio de pagamento eletrônico de frete, vale-pedágio, vale-abastecimento, cadastro positivo de motoristas, etc.). Estas são ainda mais eficientes na seleção e contratação dos caminhoneiros. Com esses diferenciais, as empresas têm acesso a uma base de caminhoneiros mais qualificada e que se adapta de acordo com o perfil de suas cargas e viagens. Assim, as companhias ganham agilidade na contratação em períodos de sazonalidade, reduzem seus custos de captação e contratação de serviços indiretos. Tudo isso resulta em maior eficiência, produtividade e qualidade no transporte.

É preciso ter em mente que o segmento de transporte de cargas é bastante complexo, regulamentado e demanda uma série de serviços indiretos que aumentam ainda mais a sua complexidade. Para ser realizado com todas as regulamentações e expectativas do embarcador, é necessário a emissão do CIOT (contrato de frete registrado na ANTT), antecipação do vale-pedágio, pagamento eletrônico do frete, averbação de seguros, consulta à cadastro positivo do motorista para gestão de riscos, emissão de CTe e MDFe, entre outros documentos. Tudo isso custa tempo e dinheiro.

Ter uma única plataforma que disponibilize todos esses serviços de forma integrada e segura aumenta a eficiência, produtividade, qualidade e reduz os custos do contratante, além das perdas financeiras devido ao não cumprimento de regulamentações e procedimentos operacionais como a gestão de riscos associados ao transporte.

A modernização do transporte rodoviário de cargas passa pela adoção das plataformas integradas. Não podemos mais, em 2021, com carros que se autodirigem e homens indo passear no espaço, continuar com técnicas antigas e defasadas. O compartilhamento de informações e a utilização dessas ferramentas é uma tendência mundial, as empresas que o fizerem, serão as vencedoras.

Disrupção no transporte de cargas passa pelas plataformas integradas
Nelson Arrojo Jr, CEO e fundador da Orbe
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