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Um Brasil automatizado e competitivo

Por Domingos Mancinelli em 19 de dezembro de 2017 às 11h48
Domingos Mancinelli

O Brasil ficou em 80º lugar no recém-divulgado ranking do Fórum Econômico Mundial que avaliou a competitividade de 137 nações – praticamente estagnado em relação à edição anterior do levantamento. É, no entanto, a primeira alta do país em cinco anos. O ranking serve como termômetro do nível de produtividade das empresas e das condições oferecidas para os negócios. A defasagem é grande, mas muitas empresas brasileiras parecem já ter entendido que, para recuperar o tempo perdido, precisam evoluir em inovação e tecnologia.

A automação no Brasil está em processo de amadurecimento e tem ainda grande potencial para crescimento. Para se ter uma ideia, apenas 15% das empresas no país contam com processos automatizados, percentual baixo em comparação com países como o Japão. Por lá, já encontramos fábricas com 100% da produção automatizada e que dispensam até a iluminação, uma vez que operam sem a intervenção de seres humanos. Se considerarmos o potencial do Brasil em comparação a países como o Japão, as expectativas são gigantescas. As empresas que se arriscam em inovar certamente são vistas com otimismo pelo mercado e em condições mais favoráveis para atrair o interesse do público consumidor em relação a concorrentes.

A crescente especialização da mão de obra na indústria tem sido uma das principais razões e, de certo modo, o exemplo e a motivação para que cada vez mais setores da economia deixem de lado dinâmicas de trabalho ultrapassadas para apostar em automação. Gradualmente, empresas dos mais variados segmentos substituem procedimentos manuais por tecnologias que geram integração e mobilidade de operações. As empresas não são as únicas beneficiadas, mas também os trabalhadores, em razão da redução do cansaço, do stress e, ainda, dos trabalhos repetitivos.

Para as empresas, os saldos são positivos em ganho operacional, aumento na produtividade e redução de custos. Já para o consumidor, essa mobilização das empresas pela busca da automação traz novas experiências de compra, com mais agilidade, interatividade e padrões mais sustentáveis. Os investidores, por sua vez, também ficam atentos, já que os negócios ultrapassados abrem espaços para empresas com boas oportunidades em longo prazo. No fim das contas, todos saem ganhando.

Os setores aeroportuário e automotivo ilustram bem o ritmo acelerado e as dimensões do salto tecnológico brasileiro dos últimos anos. Mais da metade dos aeroportos do Brasil já opera com um sistema de distribuição automática de bagagens. Os sistemas antigos e defasados deram lugar à inovação. Estrategicamente colocada em prática por algumas companhias aéreas, a inovação conseguiu reduzir em até 75% o tempo de espera dos passageiros para recolher seus pertences. Além disso, a inovação praticamente eliminou do processo os prejuízos decorrentes de erros, que, em sua maioria, não eram identificados rapidamente pelos profissionais. Já as montadoras de veículos cada vez com mais frequência substituem as inspeções manuais por vistorias automáticas fundamentadas em sistemas de visão mecânica. Esse novo tipo de sistema é capaz de detectar defeitos, falhas funcionais e outras irregularidades nos produtos, como integridade, selos de segurança e falta de peças. A vantagem é que a automatização ofereceu a capacidade de controlar todas as etapas de uma linha de produção com mais velocidade e maior eficiência.

Apesar dos exemplos de grandes empresas, a evolução da automação no Brasil está cada vez mais abrangente e democrática. Antes se tratava de privilégio de grandes empresas e de setores estratégicos, mas o fato de as tecnologias ficarem financeiramente mais acessíveis a cada dia abriu portas para todos os empresários – também de pequeno e médio porte – interessados em aprimoramento de gestão e aumento de competitividade.

Essa preocupação com tecnologias disruptivas deixou de ser um diferencial e passou a ser crucial para a perpetuidade dos negócios. Prova disso é que os investimentos em automação de pequenos e médios centros de distribuição, por exemplo, já são realidade no país. Os procedimentos de desmontagem e endereçamento de um contêiner de mercadoria, que antes demoravam de dois a três dias, hoje são realizados em menos de três horas com a ajuda de uma esteira automática e sistemas de gestão que utilizam de inteligência artificial para o gerenciamento do CD.

Também estão se popularizando sistemas de sensores, leitores de códigos de barras e marcações a laser. Essas marcações são processos que possibilitam a gravação indelével, ou seja, que não se pode apagar ou eliminar, em praticamente qualquer tipo de superfície, tais como metais, plásticos, vidros e filmes, sempre com alta precisão, qualidade de gravação e velocidade. Nas indústrias de países da Europa e nos Estados Unidos, onde estão mais disseminados os usos dos equipamentos de gravação a laser, uma das grandes vantagens é a dispensa da utilização de produtos de pigmentação à base de vernizes e solventes nos processos. Também não são utilizados selos de papel, de etiquetadoras e rotuladoras para embalagens. Toda essa inovação aponta para as tecnologias consideradas mais limpas e sustentáveis. No Brasil, as indústrias de alimentos e automóveis lideram o uso da tecnologia de gravação a laser.

Esse conjunto de soluções garante mais eficiência nas linhas de produção – afinal, identificam itens, inspecionam montagens, controlam inventários e permitem os processos de rastreabilidade, entre outras funções. Dessa maneira, mesmo as empresas de pequeno e médio porte podem se beneficiar da tecnologia, que, a longo prazo, são grandes e importantes fontes de economia. Além disso, uma empresa que inova é, sobretudo, capaz de enxergar novas possibilidades de investimentos. Nesse contexto, o mercado de automação já estabelece uma nova dinâmica entre fabricantes, empresas, clientes finais e seus empregados, o que também torna o setor bastante promissor para investimentos.

O futuro da tecnologia é abrangente, democrático, irreversível e já chegou ao Brasil. O país está pronto para ser mais competitivo e para dialogar em pé de igualdade com os gigantes globais da inovação. É hora de compensar o tempo perdido.

Um Brasil automatizado e competitivo

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